Saúde

Especialista explica como o transplante de córnea pode recuperar a visão

A oftalmologista Dra. Nayra Mascarenhas, do Clinos Hospital de Olhos, explica indicações, técnicas e desafios do transplante de córnea, ressaltando a importância da doação para mudar realidades de quem vive na escuridão.

31/05/2025 18h12
Especialista explica como o transplante de córnea pode recuperar a visão
Foto: Freepik

O transplante de córnea é um procedimento que pode transformar completamente a vida de uma pessoa com problemas severos na visão. Mas, para que isso aconteça, é fundamental que haja doação. A afirmação é da médica oftalmologista Dra. Nayra Mascarenhas, que falou sobre os avanços, os critérios para indicação e os desafios ainda enfrentados na realização desse tipo de cirurgia.

“Essa é a minha rotina e uma área que me dá muito prazer, porque conseguimos melhorar a qualidade de vida de muitos pacientes”, iniciou a médica.

A córnea é uma estrutura transparente localizada na parte anterior do olho e funciona como uma lente natural, essencial para uma boa visão.

“Para que a gente enxergue bem, essa estrutura precisa estar livre, transparente, sem cicatrizes ou lesões”, explicou Dra. Nayra.

Segundo a especialista, qualquer condição que comprometa essa transparência pode levar à necessidade do transplante.

“Infecções, traumas, doenças hereditárias ou alterações na curvatura da córnea, como o ceratocone, são causas comuns que podem indicar a cirurgia”, detalhou.

Uma boa notícia é que não há restrição de idade para realizar o procedimento. “O critério é clínico, não etário. A indicação depende da necessidade real de substituir a córnea para melhorar a visão”, pontuou.

A avaliação do paciente é feita por meio de exames oftalmológicos completos.

“Nem toda perda de visão é causada pela córnea. Pode ser catarata, problemas na retina ou no nervo óptico. Precisamos confirmar que a causa está realmente na córnea para indicar o transplante”, acrescentou.

Atualmente, existem diferentes técnicas para o transplante de córnea. A mais tradicional, ainda muito utilizada, é aquela em que toda a córnea é substituída e são dados pontos (até 16) para fixação.

“Essa técnica tem uma recuperação mais lenta, e a melhora da visão pode levar meses”, relatou a oftalmologista.

Por outro lado, procedimentos mais modernos, conhecidos como transplantes lamelares, substituem apenas partes da córnea – dependendo de onde está localizada a lesão.

“Essas técnicas são menos invasivas, não precisam de pontos e a recuperação costuma ser mais rápida”, afirmou.

Mesmo assim, Dra. Nayra destacou que qualquer transplante exige comprometimento. “Não é uma cirurgia simples. Requer acompanhamento rigoroso, uso correto de medicações e retorno constante ao consultório. O sucesso depende da parceria médico-paciente.”

Segundo a médica, o tempo de espera para a realização do transplante na Bahia ainda é alto – entre um ano e meio e dois anos.

“O paciente é inscrito na fila e passa por reavaliações até que surja uma córnea compatível. O SUS dá um bom suporte, e todos os convênios também cobrem o procedimento.”

Um dos maiores gargalos ainda está na logística. “A Bahia tem avançado na captação de córneas, mas a avaliação e análise final são feitas no banco de olhos do Hospital Roberto Santos, em Salvador. Quando a córnea vem de muito longe, muitas vezes chega fora do tempo ideal e acaba perdendo qualidade. Precisamos de centros de avaliação mais próximos e transporte mais eficiente.”

Para Dra. Nayra, a doação de córneas é um ato de solidariedade com impacto imenso. “Tem gente que não enxerga dos dois olhos, e a gente consegue devolver a visão com o transplante. Isso muda a vida da pessoa.”

Ela reforça a importância de campanhas de conscientização. “Ainda existe muita resistência à doação. Mas precisamos lembrar que hoje você pode doar, e amanhã pode ser alguém da sua família que precise. É um gesto de amor ao próximo.”

Comentários

Leia também

Saúde
Ginecologista destaca avanço no tratamento da endometriose com inclusão do DIU Mirena no SUS

Ginecologista destaca avanço no tratamento da endometriose com inclusão do DIU Mirena no SUS

Feira de Santana foi pioneira no uso do DIU Mirena na rede pública
Saúde
Governo lança programa para tentar reduzir espera por médicos especialistas no SUS

Governo lança programa para tentar reduzir espera por médicos especialistas no SUS

Novo programa prevê parceria com clínicas e hospitais privados e promete criar centro...
Saúde
Tratamento especializado em feridas crônicas evita amputações e devolve qualidade de vida

Tratamento especializado em feridas crônicas evita amputações e devolve qualidade de vida

O Brasil registra cerca de 500 mil novos casos por ano, e boa parte dessas feridas poderiam...