Especialista esclarece como a apneia do sono pode afetar o corpo e quando buscar tratamento
A apneia do sono é um problema sério, mas com diagnóstico e tratamento adequados, é possível recuperar a qualidade de vida e evitar complicações graves.
A apneia obstrutiva do sono, um distúrbio grave que interrompe a respiração durante o descanso, é uma realidade para cerca de 100 milhões de pessoas no mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). O problema pode trazer sérios riscos à saúde e comprometer a qualidade de vida dos pacientes. Para entender melhor a condição, conversamos com o cirurgião bucomaxilofacial, Dr. Thiago Leite.
“A apneia obstrutiva do sono é a interrupção da respiração e da oxigenação durante o sono, podendo ser causada tanto por fatores neurológicos quanto mecânicos”, explica Dr. Thiago. “No caso da apneia obstrutiva, há um bloqueio das vias aéreas, fazendo com que o paciente pare de respirar temporariamente, levando a uma queda nos níveis de oxigênio no sangue.” Segundo o especialista, o distúrbio afeta mais os homens do que as mulheres e pode levar a repetidos despertares noturnos.
Os sinais da apneia do sono costumam ser percebidos pelos familiares.
“Pacientes com apneia geralmente roncam muito alto e relatam uma qualidade de sono ruim. Além disso, apresentam sonolência diurna excessiva, irritabilidade e dificuldades de concentração”, detalha Dr. Thiago.
O impacto do distúrbio não se restringe ao sono. “A apneia está associada a problemas cardiovasculares, metabólicos e neurológicos. Pode aumentar o risco de hipertensão, AVC, diabetes tipo 2 e obesidade. Além disso, pode afetar funções cognitivas, reduzindo a memória e aumentando os níveis de cortisol, o hormônio do estresse”, alerta o especialista.
O tratamento da apneia do sono depende da sua gravidade. “O primeiro passo é um diagnóstico preciso para identificar a causa da obstrução, seja ela amígdalas aumentadas, desvio de septo ou posição da mandíbula”, afirma Dr. Thiago.
Entre as abordagens não cirúrgicas, está o uso do CPAP, um aparelho que fornece pressão positiva para manter as vias aéreas abertas.
“Essa máquina é acoplada ao rosto do paciente durante a noite e garante uma respiração contínua”, explica. Outra opção é o aparelho intraoral, que reposiciona a mandíbula para melhorar a passagem do ar.
No entanto, para casos mais graves, a cirurgia ortognática pode ser a solução definitiva. “Esse procedimento avança a maxila, a mandíbula e o mento, corrigindo a estrutura facial e eliminando a obstrução”, esclarece o especialista. “Realizamos muitos desses procedimentos em Feira de Santana, garantindo a cura definitiva para diversos pacientes.”
Dr. Thiago ressalta que a apneia do sono pode ser fatal. “Já operei pacientes que chegavam a ter 90 episódios de apneia por hora, o que significa que paravam de respirar quase 90 vezes a cada 60 minutos. Alguns chegam a ter crises convulsivas devido à falta de oxigênio”, relata.
Além do risco imediato, a condição compromete progressivamente a qualidade de vida. “Se não tratada, a apneia piora com o tempo, levando a fadiga extrema, redução da produtividade e riscos em atividades que exigem atenção, como dirigir e operar máquinas.”
Para aqueles que apresentam sintomas como ronco intenso, cansaço excessivo e dificuldades de concentração, a recomendação do especialista é buscar avaliação médica o quanto antes.
“Roncar não é apenas um incômodo, pode ser um sinal de um problema grave que precisa de tratamento para evitar complicações futuras.”