Especialista em Direito de Trânsito analisa ação que resultou na morte de empresário após fuga de blitz em Feira de Santana
O especialista destacou que as infrações de trânsito cometidas pelo empresário resultariam em multas, recolhimento da habilitação e do veículo
Na noite do último sábado (12), o empresário Fernando Alves Souza Coelho, conhecido como Lengocell, foi morto a tiros após tentar fugir de uma blitz da Lei Seca na Avenida Nóide Cerqueira, em Feira de Santana. O empresário estava dirigindo pela contramão e foi perseguido pela polícia. Mesmo sendo socorrido ao Hospital Geral Clériston Andrade (HGCA), ele não resistiu aos ferimentos.
A Polícia Militar (PM) e a Polícia Civil emitiram notas oficiais sobre o ocorrido. A PM relatou que o empresário desobedeceu à ordem de parada durante a blitz da Operação Paz no Trânsito e fugiu em alta velocidade pela contramão. Apesar de tentativas de bloqueio e sinalização com sirenes, Fernando jogou o veículo contra os policiais, o que levou à reação da equipe com disparos. Ele foi atingido e socorrido, mas não sobreviveu. A arma e as munições encontradas no local foram entregues à Polícia Civil, que investiga o caso.
No entanto, o advogado especialista em Direito de Trânsito, Bruno Sobral, criticou a ação da polícia.
“O papel da Polícia Militar, conforme previsto em lei, de forma alguma permite esse tipo de conduta. O que vimos nas imagens e relatos é lamentável, trágico. Houve um acompanhamento tático até a interceptação do veículo, mas no final, a Polícia Militar pôs todo o trabalho a perder ao alvejar o condutor, e por pouco a passageira não foi atingida também”, afirmou.
O especialista destacou que as infrações de trânsito cometidas por Fernando, como dirigir pela contramão e colocar outros veículos em risco, deveriam ter sido tratadas conforme a lei.
“As infrações cometidas pelo condutor resultariam em multas, recolhimento da habilitação e do veículo, mas, em nenhum momento, a legislação prevê o uso de disparos de arma de fogo em uma situação como essa. Isso é legalmente reprovável”, argumentou.
Bruno Sobral também refletiu sobre a possibilidade de vítimas inocentes em casos semelhantes. “Imagine um veículo sendo roubado, com uma criança no banco de trás, e ele foge da polícia. Será que a polícia vai agir da mesma forma, atirando e colocando vidas em risco? Isso não é justificável”, ponderou o advogado.
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