Especialista destaca a importância do atendimento especializado para mulheres com feridas crônica
Entre as feridas que afetam exclusivamente as mulheres estão as operatórias decorrentes de cesarianas, fissuras mamárias e lacerações vaginais pós-parto.
No mês dedicado às mulheres, a estomaterapeuta e feridóloga Áquilla Chahinne destacou a importância do atendimento humanizado e das boas práticas no tratamento de feridas crônicas que afetam especificamente o público feminino.
“Embora existam muitas discussões sobre ser mulher, eu acho que ser mulher é uma bênção que Deus nos dá, porque a mulher tem um poder muito grande de humanizar, de acolher. A mulher tem um papel fundamental na sociedade”, ressaltou.
Entre as feridas que afetam exclusivamente as mulheres estão as operatórias decorrentes de cesarianas, fissuras mamárias e lacerações vaginais pós-parto.
“Hoje, temos um alto índice de cesarianas na rede do SUS, com média de 40% dos partos sendo cesáreos. Na rede privada, esse percentual ultrapassa 80%”, explicou a especialista. A episiotomia, corte realizado na região do períneo durante o parto, também é uma preocupação, pois, apesar de não ser mais recomendada, muitas mulheres ainda passam por esse procedimento.
Desafios na cicatrização
A falta de conhecimento e a influência de práticas caseiras são algumas das principais dificuldades enfrentadas pelas mulheres no pós-parto.
“Essa mulher, nesse momento, está cercada pela mãe, avó, tia, amiga, e muitas vezes o primeiro recurso procurado é o chá, a erva, o banho de assento. Mas é preciso cuidado profissional, limpeza adequada e proteção da ferida para evitar complicações”, alertou a Dra. Áquilla.
Outra dificuldade apontada é a falta de assistência profissional, já que muitas mulheres reclusas com o bebê não procuram atendimento médico com a devida urgência.
“Essa semana atendi uma paciente que estava há cinco anos escondendo uma ferida e tratando com receitas caseiras. Quanto mais tempo se espera, mais grave fica o problema e mais difícil se torna o tratamento.”
Feridas crônicas e qualidade de vida
Além das feridas operatórias, algumas doenças crônicas, como úlcera venosa e neuropatia diabética, afetam majoritariamente as mulheres.
“A úlcera venosa ocorre mais em mulheres devido a históricos de gestação, sobrepeso e longos períodos em pé, comuns em profissões como professoras, enfermeiras e cozinheiras”, explicou.
Já as feridas associadas ao diabetes são um problema que também exige atenção.
“Muitas mulheres desenvolvem úlcera nos pés devido à má oxigenação dos tecidos e neuropatia diabética. Se houver escurecimento na região do tornozelo, alteração no formato dos pés ou perda de sensibilidade, é essencial buscar ajuda”, orientou a especialista.
A estomaterapeuta destacou ainda que, na Clínica Doutor Curativos, exames específicos ajudam a detectar precocemente essas condições, evitando agravos. “50% das pessoas com neuropatia diabética desconhecem a condição, o que aumenta o risco de ferimentos graves.”
Prevenção e tratamento
A especialista reforçou a importância da prevenção e do acompanhamento adequado para evitar que pequenas feridas evoluam para quadros mais graves.
“Se o ferimento apresentar vermelhidão, inchaço, dor ou saída excessiva de líquido, é fundamental procurar um profissional imediatamente. Quanto antes o tratamento começar, mais rápida e eficaz será a cicatrização.”
O cuidado com a saúde feminina passa também pelo autoconhecimento e pela busca por informação qualificada. “Você mulher, cuide-se. A solução existe, e um atendimento especializado faz toda diferença na qualidade de vida”, finalizou a Dra. Áquilla Chahinne.