Especialista destaca a importância da papiloscopia na elucidação de crimes
Esse profissional realiza atividades e perícias relacionadas à identificação humana, tanto na área cível quanto na criminal.
Você sabia que, para a resolução de uma cena de crime, seja furto, roubo, sequestro ou homicídio, o trabalho de um papiloscopista é essencial? Esse profissional realiza atividades e perícias relacionadas à identificação humana, tanto na área cível quanto na criminal.
Mateus Bereh, presidente do Sindicato dos Peritos em Papiloscopia da Bahia, destaca a importância desse trabalho. Segundo ele, o papel do papiloscopista na investigação criminal se baseia em três fatores principais.
“O primeiro é a identificação da vítima de morte violenta. Sem essa identificação, não há como iniciar a investigação. Cerca de 99% dos corpos provenientes de mortes violentas são identificados por meio da papiloscopia”, explica.
O segundo fator essencial é a coleta de vestígios em locais de crime. “Os fragmentos de impressão digital são cruciais para definir quem esteve na cena do crime. Com a preservação adequada do local, conseguimos aferir fragmentos da vítima, dos potenciais suspeitos e de possíveis testemunhas, o que corrobora o inquérito policial”, pontua Bereh.
A coleta e a análise das impressões digitais podem ser realizadas por diversas técnicas, como o uso de pós magnéticos e especiais, fotografia direta com luzes específicas ou até mesmo o tratamento laboratorial de objetos.
“Utilizamos substâncias especiais, energia estática, entre outros métodos, para garantir a extração eficiente das impressões”, afirma o especialista.
Desafios enfrentados pelos papiloscopistas
Apesar da importância do trabalho, a atividade enfrenta desafios diários. Bereh explica que há obstáculos externos e internos.
“Os desafios exógenos envolvem a preservação do local do crime. Muitas vezes, a curiosidade popular leva pessoas a interferirem na cena, prejudicando a cadeia de custódia. Além disso, agentes da Polícia Militar, por quererem resolver rapidamente a situação, acabam mexendo nos locais sem luvas ou o devido tratamento adequado.”
Já os desafios internos dizem respeito ao reconhecimento da profissão. “Ainda lutamos para que nossa atividade seja valorizada. A identificação de criminosos e a melhoria dos índices de resolução de crimes dependem do nosso trabalho. A confiabilidade das provas que coletamos é garantida pela fé pública dos peritos papiloscopistas, que são servidores públicos de carreira e nível superior”, destaca Bereh.
Outro ponto crucial é a necessidade de atualização contínua. “Precisamos acompanhar a evolução da criminalidade. Sem estudo e aprimoramento dos nossos métodos e ferramentas, nosso trabalho fica comprometido”, alerta.
A atuação da papiloscopia na Bahia
Na Bahia, a nomenclatura oficial ainda é “perito técnico”, mas há uma luta pela mudança para “perito papiloscopista”, como ocorre nas melhores polícias do Brasil, a exemplo da Polícia Federal e do Distrito Federal.
“Em Feira de Santana, há cerca de 10 especialistas em papiloscopia responsáveis pela identificação metropolitana dos corpos, pela identificação criminal e pela análise de vestígios em locais de crime”, informa Bereh.
No entanto, a atividade ainda é incipiente em algumas regiões do estado. “Isso acontece por diversos fatores, como profissionais que não querem exercer plenamente suas funções e algumas coordenações que dificultam nosso trabalho. Mesmo assim, seguimos desempenhando nosso papel com compromisso e eficiência”, conclui.
*Com informações da repórter Isabel Bomfim