Feira de Santana

Especialista critica atuação da PM em abordagem que terminou com a morte de um empresário durante blitz em Feira de Santana

Bruno Sobral defendeu que erros ocorreram de ambos os lados, tanto do condutor quanto da Polícia Militar, mas reforçou que “um erro não justifica o outro”.

14/10/2024 18h13
Especialista critica atuação da PM em abordagem que terminou com a morte de um empresário durante blitz em Feira de Santana

O advogado e especialista em trânsito, Bruno Sobral, criticou a atuação da Polícia Militar na operação que terminou com a morte de um empresário que fugiu de uma blitz da Lei Seca, na noite do último sábado (12), em Feira de Santana. O incidente ocorreu na Avenida Noide Cerqueira.

“Infelizmente, mais uma vez, presenciamos um desfecho trágico em uma operação de trânsito. A situação é lamentável, não apenas por ter resultado em morte, mas por se tratar de um repeteco do que aconteceu em abril de 2022, quando um jovem de 18 anos também perdeu a vida ao tentar fugir de uma blitz da Polícia Militar”, destacou Bruno Sobral em entrevista ao programa De Olho na Cidade.

Bruno Sobral, que atua na área de direito de trânsito há mais de 20 anos, expressou sua preocupação com a forma como a sociedade tem encarado esse tipo de ação.

“A verdade, por mais que incomode, precisa ser dita. Estou mais incomodado com os familiares que estão chorando a perda de mais uma vida. A dor desses pais, que nunca mais verão seus filhos, é imensurável. Precisamos refletir sobre os motivos que levam a esses confrontos fatais”, afirmou.

Segundo o especialista, o caso ocorrido no sábado, embora tenha sido divulgado como um confronto, levanta dúvidas sobre a legitimidade da ação policial.

“Houve uma evasão de blitz, o veículo entrou na contramão, e a resposta foi uma série de disparos. A pergunta que faço é: e se naquele carro estivesse uma vítima de assalto, sendo levada pelos criminosos? A Polícia Militar agiria da mesma forma?”, questionou.

O advogado também criticou a postura da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), tanto em nível estadual quanto na subseção de Feira de Santana, pela falta de posicionamento sobre o caso.

“A OAB, que diz entender de trânsito, deveria se pronunciar tecnicamente em situações como essa. É preocupante o silêncio diante de uma tragédia que exige reflexão e debate.”

Bruno Sobral defendeu que erros ocorreram de ambos os lados, tanto do condutor quanto da Polícia Militar, mas reforçou que “um erro não justifica o outro”. Ele também ressaltou que a atuação da PM precisa ser revista, pois, segundo ele, “não é dessa forma que os policiais são instruídos” e que a ação, da maneira como foi conduzida, não fortalece a instituição.

“Precisamos fortalecer a Polícia Militar, mas com posturas sensatas e legais. A sociedade não pode aplaudir ações que são ilegais e perigosas. Amanhã, pode ser qualquer um de nós ou de nossos familiares em uma situação semelhante”, concluiu.

Por fim, o especialista sugeriu a implementação de punições mais severas para condutores que evadem de blitz, incluindo o perdimento do veículo e a cassação definitiva do direito de dirigir. “A lei ainda não trata da gravidade dessas situações da forma como deveria. Precisamos agir para evitar mais tragédias”, pontuou Bruno Sobral.

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