Especialista alerta para riscos cardíacos durante atividades físicas e reforça importância de avaliação médica
Praticar atividade física salva vidas — desde que acompanhada de responsabilidade e atenção à saúde do coração.

O cardiologista Dr. Cláudio Rocha fez um alerta importante sobre os riscos de morte súbita durante a prática de atividades físicas, especialmente em provas de alta intensidade, como corridas de rua. Em entrevista, ele destacou que embora o exercício seja fundamental para a saúde, a avaliação médica periódica é indispensável.
Dr. Cláudio abriu a conversa ressaltando o impacto de casos envolvendo pessoas jovens e ativas que sofrem morte súbita durante provas esportivas.
“Quando isso acontece com uma pessoa jovem, que já praticava atividade física, gera uma comoção muito grande. Mas é importante entender o que podemos tirar de tragédias como essa: precisamos estar sempre atentos a qualquer possibilidade de doença cardíaca, mesmo em quem é ativo”, afirmou.
O médico explicou que um dos casos recentes teve como causa uma miocardiopatia hipertrófica, doença genética que causa espessamento anormal do músculo cardíaco, favorecendo arritmias graves.
“Muitas pessoas têm miocardiopatia hipertrófica e não sabem. Um eletrocardiograma simples ou um ecocardiograma já pode levantar suspeitas. Mas, se a pessoa nunca faz exames, isso pode passar despercebido por toda a vida até culminar em uma morte súbita”, explicou.
Ele destacou que essa patologia é a principal causa de morte súbita em atletas com menos de 30 anos.
Além da miocardiopatia hipertrófica, Dr. Cláudio listou outras causas comuns:
- Infarto agudo do miocárdio – responsável por 60% a 80% dos casos.
- Desidratação ou hiper-hidratação, que pode causar queda perigosa de sódio.
- Hipertermia, especialmente no final das provas.
- Miocardites, inflamações no coração após quadros virais.
“Pessoas que tiveram gripe ou infecções recentes devem evitar provas e procurar avaliação. Um vírus pode inflamar o coração e causar arritmias durante o esforço”, ressaltou.
O cardiologista reforçou que, para quem deseja praticar atividade física com segurança, o mínimo recomendado é realizar um eletrocardiograma.
“A avaliação é importante porque também analisamos a história familiar. Quem tem parentes que morreram subitamente, quem tem colesterol alto, hipertensão ou histórico de infarto precoce precisa redobrar o cuidado”, disse.
Para atletas de alta performance, o acompanhamento deve ser frequente:
“É importante retornar ao cardiologista a cada seis meses ou anualmente, dependendo da condição cardíaca. Existe o chamado ‘coração de atleta’, e alterações precisam ser monitoradas”, acrescentou.
Dr. Cláudio orientou que qualquer pessoa que pratique exercícios deve interromper a atividade ao perceber:
- Tontura
- Falta de ar intensa
- Frequência cardíaca muito elevada
- Fraqueza ou mal-estar súbito
“Se aparecer algum desses sinais, tem que parar. Não adianta descansar e voltar a correr. Pare, avalie, procure atendimento. Hoje todas as provas têm ambulância e equipe médica, e isso deve ser usado”, reforçou.
O cardiologista reforçou que a intenção do alerta não é afastar ninguém da prática esportiva.
“Atividade física é excelente para tudo, especialmente para envelhecer bem. Mas é importante conversar com seu médico, fazer exames e manter avaliações regulares. Ninguém tem risco zero, mas conseguimos reduzir muito qualquer chance de evento grave”, concluiu.







