Especialista alerta para importância de cuidar da saúde mental dos homens
A médica nutróloga e especialista do sono, Dra. Anne Stephany, destacou a necessidade de quebrar padrões culturais que impedem os homens de buscar ajuda e falar sobre suas emoções.
A saúde mental masculina ainda é um tema cercado de tabus e pouco discutido, apesar de estar diretamente relacionada a índices preocupantes, como a maior taxa de suicídio entre homens. Em entrevista ao Jornal do Meio Dia, a médica nutróloga e especialista do sono, Dra. Anne Stephany, destacou a necessidade de quebrar padrões culturais que impedem os homens de buscar ajuda e falar sobre suas emoções.
Segundo a especialista, a raiz do problema está, em grande parte, na cultura machista que se perpetua há séculos.
“A gente cresce num mundo em que o homem que fala sobre sentimentos é visto como fraco. Isso gera um bloqueio, porque ele não aprende a expressar suas emoções e, consequentemente, acumula traumas e mágoas que se transformam em doenças emocionais graves”, explicou.
Enquanto as mulheres, desde cedo, desenvolvem mais abertura para falar sobre sentimentos e procurar ajuda, os homens ainda encontram barreiras sociais.
“A própria cultura de que o homem precisa ser o provedor, o forte, aquele que resolve tudo, contribui para o aumento de transtornos emocionais, violência e até suicídio. No Brasil, os casos de suicídio são quatro vezes mais frequentes entre homens do que entre mulheres”, pontuou Dra. Anne.
Ela reforça que cuidar da saúde mental não é sinal de fraqueza, mas de força e maturidade. “O estado de vulnerabilidade é o maior fortalecimento de qualquer pessoa. O problema é que muitos homens acreditam que vão dar conta de tudo sozinhos e quando percebem, já estão em colapso”, ressaltou.
A especialista também destacou que a negligência com a saúde mental impacta diretamente na saúde física. Questões como obesidade, distúrbios do sono, disfunções sexuais e até doenças crônicas podem ter origem emocional.
“Hoje sabemos que muito do que o corpo manifesta vem da mente e do espírito. Se não olharmos para isso de forma integral, continuaremos vendo homens cada vez mais adoecidos”, alertou.
Com a chegada de setembro, mês dedicado à prevenção ao suicídio, Dra. Anne reforça a importância de ampliar o debate sobre o tema.
“A saúde mental precisa ser tratada como prioridade de saúde pública e discutida dentro das escolas. O silêncio dos homens tem custado vidas”, afirmou.
Para os que desejam se aprofundar no assunto, a médica recomenda o documentário “O Silêncio dos Homens”, disponível no YouTube.
“É um material riquíssimo, que ajuda não apenas os homens a refletirem sobre seu papel, mas também as mulheres, que passam a compreender melhor seus companheiros, filhos e amigos”, concluiu.