COP 30

Engenheira ambiental destaca importância de reduzir lixo doméstico e incentiva práticas sustentáveis

Produção de adubo orgânico e reaproveitamento de resíduos recicláveis são alternativas práticas e sustentáveis para o dia a dia.

30/10/2025 21h16
Engenheira ambiental destaca importância de reduzir lixo doméstico e incentiva práticas sustentáveis

Com a proximidade da COP 30, Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima que será realizada em Belém do Pará, o debate sobre sustentabilidade e preservação ambiental ganha ainda mais relevância. Em entrevista ao programa Jornal do Meio Dia, a engenheira ambiental Carla Jaires, representante da AcamRecicla, destacou a importância da diminuição do lixo doméstico e de atitudes simples que podem fazer diferença no dia a dia das famílias brasileiras.

“Nada melhor do que a COP para a gente pensar em atitudes que podem ser adotadas dentro da nossa própria casa. Precisamos refletir sobre o que consumimos e o que descartamos, porque isso tem um impacto direto no ecossistema e no meio ambiente”, afirmou Carla.

Segundo a engenheira, a compostagem doméstica é uma das formas mais eficazes de reduzir resíduos.

“Se você tem uma casa com cinco pessoas, por exemplo, há uma geração grande de resíduos de alimentos. Esse material pode ser reaproveitado através da compostagem. Quem tem uma plantinha em casa pode produzir o próprio adubo orgânico, diminuindo o lixo e ajudando o meio ambiente”, explicou.

Carla também lembrou que grande parte do que é descartado nas residências é reciclável.

“Cerca de 70% a 80% do nosso lixo é reciclável, e na verdade não é lixo, é resíduo sólido que pode ser reaproveitado, vendido e transformado em novos produtos. Quando fazemos isso, deixamos de retirar recursos naturais do planeta e prolongamos a vida útil dos materiais”, destacou.

A engenheira faz parte do corpo técnico da AcamRecicla, associação sem fins lucrativos formada por catadores e catadoras de materiais recicláveis. Além da coleta, o grupo realiza ações de educação ambiental em escolas, com o objetivo de conscientizar crianças e jovens sobre o descarte correto e a importância da reciclagem.

“As crianças têm o poder de multiplicar o conhecimento dentro de casa. Se elas aprendem a separar o lixo, a fazer coleta seletiva e a não jogar papel no chão, vão incentivar toda a família a mudar de comportamento”, pontuou Carla.

Ela destacou ainda projetos de compostagem em escolas públicas, onde o resíduo orgânico das merendas é transformado em adubo para hortas escolares.

“Com o apoio de nutricionistas, as escolas produzem alimentos saudáveis e podem aproveitar os restos de cascas de frutas e verduras para criar uma horta orgânica. É um ciclo sustentável e educativo”, explicou.

Carla chamou atenção também para a realidade dos municípios que ainda utilizam lixões a céu aberto, o que contamina o solo e os lençóis freáticos.

“Muitos municípios pequenos ainda não têm condições financeiras de manter aterros sanitários adequados. É urgente repensar o consumo e reduzir o descarte, para evitar a sobrecarga desses locais”, alertou.

A engenheira reforçou o conceito dos três R’s, reduzir, reutilizar e reciclar, incentivando a doação de roupas e objetos em bom estado e o uso consciente de eletrodomésticos e eletrônicos.

“Vivemos em um mundo consumista. É natural querer novidades, mas precisamos pensar em como prolongar a vida útil do que já temos. Sustentabilidade é isso: usar os recursos de hoje sem comprometer o amanhã”, disse.

Durante a entrevista, Carla também destacou que sustentabilidade envolve três pilares: ambiental, social e econômico.

“A economia não é inimiga do meio ambiente. É possível produzir, gerar renda e, ao mesmo tempo, preservar. O equilíbrio é o ponto-chave”, afirmou, fazendo referência ao nome da sua empresa, Ponto de Equilíbrio, fundada ao lado do marido, engenheiro civil.

Para ela, a COP 30 será uma oportunidade de discutir novas formas de economia sustentável, principalmente voltadas às comunidades indígenas e tradicionais da Amazônia.

“Esses povos podem gerar renda através do turismo ecológico e da comercialização de produtos sustentáveis, sem agredir a floresta. É uma forma digna de viver e de proteger o meio ambiente”, concluiu.

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