Empresário é acusado de maus-tratos contra animais em Feira
Segundo o empresário, o vídeo passa a impressão equivocada de agressão, quando na verdade a história tem dois lados.
O empresário feirense Nóide Cerqueira Júnior foi acusado de maus-tratos aos animais. O caso veio à tona após a repercussão de um vídeo divulgado no último domingo (24) pelas redes sociais da ONG Patinhas de Rua, onde Cerqueira teria se exaltado com um grupo de cachorros. Segundo a cuidadora dos bichos, Cristina Mascarenhas, moradora da rua Alto da Serra no bairro SIM, casos de violência já ocorreram anteriormente.
“Quando eu cheguei ele já tinha chutado as vasilhas, eu pedi que ele saísse do meu passeio, ele não tinha direito de fazer aquilo, era a calçada da minha casa e eu não estava incomodando ninguém. Pedi ‘vá embora, saia daqui’, e ele disse que não ia sair, me encarou bem e chegou bem perto de mim”, relata Cristina, que ajuda cerca de cinco cachorros de rua.
Segundo ela, o acusado ainda a teria xingado, e ameaçado os cachorros: “Chamei uma viatura de policia, e ele saiu no carro dizendo ‘vou matar os cachorros agora'”. A cuidadora revelou que agressões aos animais de rua são comuns, e ela não entende o motivo de tamanho incômodo.
A situação foi justificada pelo empresário que disse ter agido em defesa da sua filha de um ataque, porém, para Cristina, isso não justifica os xingamentos: “Ainda que isso tenha acontecido, não justifica ele ter vindo para minha porta, agredindo verbalmente a mim e a minha dignidade quanto pessoa e mulher. Esses animais são de rua, e tenho muitos vídeos gravados mostrando que os cachorros estão no passeio e não fazem nada com as pessoas que passam. Se atacam alguém, talvez essa pessoa já tenha feito algo com eles”.
Segundo o empresário, o vídeo divulgado nas redes sociais passa a impressão equivocada de agressão, quando na verdade a história tem dois lados. Nas palavras dele, já faz cerca de um ano e meio que os animais tomam conta da rua e atacam os pedestres que por ali passam.
Além de atacar as pessoas, os animais teriam sido responsáveis pela mortes de outros pets de porte pequeno, pertencentes a moradores locais: “No sábado, especificamente, minha filha, estava voltando de uma caminhada, dois desses animais da matilha se deslocaram e foram para cima dela. Um mordeu o glúteo e o outro mordeu a perna. Então eu, no calor da emoção, como pai, fui tomar uma atitude, não correta, mas de impulso, fui lá e tirei a ração e a água deles”, relatou.
Devido à situação de ataques, o empresário solicitou à cuidadora que parasse de alimentar os animais. Ainda de acordo Nóide Cerqueira Júnior, a situação já vem sendo comentada por outros moradores do bairro, que chegaram a procurar solução na prefeitura, porém sem sucesso.
“Queremos que o orgão público resolva essa situação da cidade inteira, é um problema de saúde sanitária e as pessoas que acham que estão fazendo o bem, não estão fazendo. Não pode estar alimentando esses animais, pois eles vão procriar e não vão ter a assistência necessária, não vão ser vacinados, bem cuidados e isso é uma preocupação também.”
A presidente da ONG Patinha de Ruas, Patrícia Santos, disse que soube do caso através de um grupo no whatsapp, e divulgou para alertar sobre os maus-tratos. Ela ainda salienta que não é a primeira vez que um caso semelhante ocorre e que ela mesma já foi vítima: “O que queremos é que respeitem o direito ir e vir deles (os animais) como nós temos direito de ir e vir também. Queremos dar exemplo para que outros casos não venham também a acontecer. O que a gente quer é conscientizar as pessoas que existe a lei para assegurar que podemos alimentar cães comunitários. Nós damos voz aos animais”.
Para o empresário Junior Falcão, a situação deve ser averiguada pelo poder público, e a acusação de maus tratos deferida à Nóide Cerqueira Júnior é injusta: “É um absurdo, o que fizeram com essa pessoa é a verdadeira violência. Tem que ter parâmetros ele não matou e nem feriu um animal, foi pego no calor da emoção. Um cachorrinho feriu a filha dele, porque os animais formam territórios e se protegem, eles também não tem culpa nenhuma porque são irracionais”.