Empreendedorismo feminino promove liberdade, dizem especialistas
Durante roda de conversa, especialistas destacam desafios e potenciais do público feminino dentro do cenário empreendedor.
De acordo o Sebrae e a Pesquisa Global Entrepreneurship Monitor 2020 (GEM), o Brasil é o sétimo país com o maior número de mulheres empreendedoras no mundo. Os dados chamam atenção para o potencial criativo do público feminino.
Dos 52 milhões de empreendedores no país, 30 milhões (48%) são mulheres. Durante roda de conversa especial do Dia da Mulher ocorrida no Jornal do Meio Dia (Princesa Fm), a técnica e analista do Sebrae, Marília Enéas, destacou que o empreendedorismo feminino pode ser um sinônimo de liberdade financeira.
“O empreendedorismo é uma ferramenta de liberdade. Infelizmente, várias mulheres se submetem a relacionamentos abusivos porque dependem financeiramente dos seus maridos. Eu vejo isso acontecer com mulheres que precisam empreender para completar renda do marido e percebem que conseguem gerar renda com o empreendedorismo e tomar diferentes decisões. Esse processo de autodescobrimento é uma etapa importante, pois ela percebe que consegue sim fazer um negócio bem feito e que não precisa de um homem para fazer tudo por ela ”, afirma
Em Feira de Santana, a vereadora Eremita Mota fez história no cenário político ao se tornar a primeira mulher a presidir a Câmara de Vereadores. Para a parlamentar, a insegurança e o medo são desafios constantes que precisam ser superados dentre o público feminino.
“A mulher precisa ter coragem para vencer o medo, colocar na cabeça o objetivo, a vontade de conquistar e estar inserida. É preciso pensar no que te perturba e enfrentar os desafios. No momento que uma mulher decide começar a empreender, ela deixar de ter alguns conflitos no seu dia a dia. Ela deixa de se submeter a comportamentos abusivos e se torna mais independente”, pontua.
Segundo a neuropsicóloga Ana Rita Antunes, o medo muitas vezes já nasce junto às mulheres devido ao contexto social, pois o público tende a associar a figura feminina somente à funções domésticas e ao trabalho materno.
“As mulheres sentem muito medo por serem completamente cobradas e desafiadas de forma negativa. É como se a sociedade pagasse pra vê-las errar. Então quando a mulher aceita o desafio de dirigir um transporte pesado, por exemplo, as pessoas ao redor já pensam que não vai dá certo porque aquilo foi ‘feito para um homem’. Assim, a mulher sente pressão de toda a sociedade”, destaca.
LEI DE IGUALDADE SALARIAL
Até o ano de 2019, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 65% da mão de obra geral do mercado ainda é masculina, em comparação com 45% feminina. Ainda segundo o levantamento, as trabalhadoras brasileiras podem receber até 20% a menos que os homens, mesmo quando exercem a mesma função e com o mesmo nível de escolaridade.
Visando reparar o cenário, nesta quarta-feira (8), o presidente Lula assinou o Projeto de Lei (PL) que estabelece igualdade salarial para homens e mulheres que exerçam a mesma função no trabalho.
“A ansiedade agora é que, de fato, aconteça, porque muitas mulheres reclamam, e elas tem razão de reclamar. Muitas mulheres tem a jornada de trabalho maior que a de um homem, mas ainda há essa cultura de receber menos. Acredito que essa lei vem para melhorar e a sociedade toma consciência cada vez mais dessa pauta”, comenta a vereadora Eremita Mota.
Até 2020, diferença de remuneração entre os gêneros estava em queda, mas voltou a subir no Brasil e atingiu 22% no fim de 2022, segundo o IBGE. A PL sancionada é uma das novas medidas geradas pelo governo federal para apoiar mulheres brasileiras.