Economistas analisam possível encontro entre Lula e Donald Trump para discutir tarifas de 50% contra o Brasil
Os economistas ainda lembraram a importância estratégica do Brasil no cenário internacional.
Em meio a tensões comerciais, cresce a expectativa em torno de uma reunião entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente norte-americano Donald Trump. O possível encontro teria como pauta principal as tarifas de 50% aplicadas pelos Estados Unidos a produtos brasileiros. A proposta de conversa surgiu após declarações de Trump na Assembleia Gerall da ONU, que surpreendeu ao elogiar Lula, dizendo que ele “parece gente boa”. O presidente brasileiro respondeu demonstrando disposição para o diálogo.
Durante o Jornal do Meio-Dia, os economistas Amarildo Gomes e Gesner Brehmer avaliaram os impactos e desafios desse possível encontro.
“São dois líderes de quase 80 anos representando as maiores democracias das Américas. O Brasil precisa sentar à mesa, mas com cautela, para não se submeter a humilhações. Nossa soberania está garantida e não pode ser negociada”, afirmou Amarildo Gomes. Ele destacou que as tarifas americanas “prejudicam setores importantes da economia e refletem pressão interna do empresariado dos EUA”.
Gesner Brehmer apontou quais produtos mais sofrem com a taxação: “Carne, manga e café estão entre os itens fortemente afetados. Também deve entrar na pauta a questão dos minerais estratégicos, como as terras raras, fundamentais para a indústria de semicondutores. O Brasil precisa desses mercados e os EUA precisam desses insumos”.
Os analistas acreditam que o encontro deve ser presencial. “Negócios desse porte não se resolvem por telefone ou videoconferência. É necessário olho no olho, com representantes técnicos dos dois países”, defendeu Brehmer.
Sobre a possibilidade de o tema Bolsonaro e suas disputas judiciais entrar na conversa, Amarildo foi categórico: “As diplomacias vão evitar isso. É questão de soberania. O Brasil não vai tratar desse assunto”.
Ambos ressaltaram que os Estados Unidos também sentem o peso das tarifas. “Café e carne são commodities globais. Quem perde com essa taxação são os americanos, que já pagam mais caro”, disse Amarildo.
Os economistas ainda lembraram a importância estratégica do Brasil no cenário internacional. “Os EUA não vão deixar o Brasil cair nos braços da China. Somos parceiros históricos e democráticos. Essa aproximação é fundamental”, concluiu Amarildo.
A data do possível encontro ainda não foi confirmada, mas, segundo os especialistas, o diálogo é inevitável. “É hora de transformar um jogo de perde-perde em um jogo de ganha-ganha para as duas economias”, concluiu Gesner.