Política

Economista critica embate entre governo e Congresso e defende corte de gastos públicos

O economista defendeu que a solução para os desequilíbrios fiscais passa, sobretudo, por um controle rigoroso das despesas do Estado.

01/07/2025 16h03
Economista critica embate entre governo e Congresso e defende corte de gastos públicos
Foto: Reprodução/Agência Brasil

O economista e comentarista político Amarildo Gomes criticou a condução do governo federal no embate com o Congresso Nacional sobre a derrubada do aumento do Imposto Sobre Operações Financeiras (IOF). Em entrevista ao Jornal do Meio Dia, ele afirmou que o Palácio do Planalto cometeu um “erro grave” ao não buscar previamente um acordo com o Legislativo antes de anunciar a medida.

“A decisão de aumentar o IOF deveria ter sido acordada com o Congresso. O governo errou feio nesse ponto. O Congresso, por sua vez, está no seu direito de tentar derrubar a medida, mas tudo indica que vai perder no Supremo Tribunal Federal, porque o aumento de impostos é uma prerrogativa do Executivo”, avaliou Amarildo.

Segundo ele, o vai e vem entre Executivo e Legislativo não beneficia o país.

“Esse embate não é bom para o Brasil. As empresas perdem, a iniciativa privada perde, a sociedade perde. É um toma e devolve de dinheiro que gera instabilidade e insegurança”, disse.

O economista também defendeu que a solução para os desequilíbrios fiscais passa, sobretudo, por um controle rigoroso das despesas do Estado.

“O governo precisa, com urgência, cortar gastos. As estatais estão acumulando prejuízos e rombos. Um exemplo é os Correios, que deveriam ter sido privatizados, mas continuam gerando déficits que são pagos por nós, a sociedade”, pontuou.

Ele criticou ainda medidas populistas, como a recente liberação de isenção na conta de luz para consumidores que utilizam até 80 kWh por mês.

“O governo beneficiou 60 milhões de pessoas, mas alguém vai pagar essa conta. São quatro bilhões de reais que sairão dos cofres públicos. Quem consome pouco, paga pouco. Quem consome muito, paga mais. Essa conta não fecha. É uma medida puramente eleitoreira”, criticou.

Amarildo reconhece, no entanto, que o governo se vê em uma situação delicada.

“Sem o dinheiro do IOF, o governo não consegue fechar as contas. O próprio ministro da Fazenda, Fernando Haddad, já deixou isso claro. Vai ser preciso contingenciar recursos, suspender pagamentos e cortar investimentos”, explicou.

“Se você tem uma despesa mensal de mil reais e só tem 500, precisa pegar emprestado ou cortar gastos. É isso que o governo vai ter que fazer. O mínimo que se estima é um corte de R$ 15 bilhões”, acrescentou.

Apesar da necessidade de equilibrar o orçamento, Amarildo criticou o aumento de impostos como saída para resolver os problemas do país.

“A sociedade não aguenta mais. Nossa carga tributária é uma das maiores do mundo, e os serviços públicos são de baixíssima qualidade. Você paga pelo médico, pela escola, pela segurança. Coloca cerca elétrica em casa porque o Estado não entrega o básico. O problema não é o quanto se arrecada, mas o que se entrega à população.”

Na avaliação do economista, há incoerência também no comportamento do Congresso.

“Os parlamentares cobram do governo a redução de gastos, mas aumentam o número de cargos e custos da máquina pública. É contraditório. Falam uma coisa e fazem outra”, afirmou.

Amarildo fez ainda uma crítica à cultura política do país.

“No Brasil, 90% dos votos são comprados de alguma forma. O voto é negociado. Deputado compra prefeito, compra vereador, compra base. E aí, quando assume o poder, está mais preocupado em se manter do que em governar para o povo.”

O professor também criticou os privilégios no Judiciário.

“Tem desembargador recebendo R$ 150 mil, R$ 200 mil por mês. Enquanto isso, o trabalhador comum rala a semana inteira. Já quem trabalha na Justiça começa a folga na quinta e só volta na terça. É uma vergonha.”

Para ele, a raiz dos problemas está no comportamento da sociedade.

“Só existe político ruim onde tem sociedade ruim. Se a sociedade fosse boa, não elegeria os maus políticos. O povo precisa acompanhar quem vota contra seus interesses e cobrar mais responsabilidade dos seus representantes.”

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