Economia

Economista analisa impacto do aumento do dólar na economia brasileira

o professor Antônio Rosevaldo destacou a complexidade da economia e a necessidade de políticas bem calibradas para minimizar os impactos negativos da alta do dólar na inflação e no dia a dia dos brasileiros.

05/07/2024 06h34
Economista analisa impacto do aumento do dólar na economia brasileira
Foto: Bigstock

Em entrevista ao De Olho na Cidade, o economista e professor Antônio Rosevaldo discorreu sobre as implicações da alta do dólar no mercado brasileiro, destacando a complexidade desse fenômeno e suas repercussões na economia do país.

O professor Rosevaldo explicou que a recente alta do dólar gerou tensões no mercado, embora tenha ocorrido um alívio após a reunião do presidente Lula com a equipe econômica.

“A primeira coisa a se entender é que os juros americanos estão num patamar elevado. Isso faz com que o dólar se valorize globalmente, desvalorizando a moeda brasileira”, afirmou.

Ele destacou que, além dos juros americanos, há componentes internos que influenciam o câmbio.

“As falas do presidente criticando o Banco Central têm um grande impacto, assim como as empresas brasileiras que, no final do trimestre, buscam dólares para pagar suas importações, aumentando a demanda pela moeda.”

O professor elucidou o papel do Banco Central na estabilização do câmbio. “O Banco Central trabalha estabelecendo um valor mínimo e máximo para o dólar. Quando a moeda sobe muito, o Banco Central intervém vendendo dólares a preços mais baixos, o que aconteceu recentemente”, explicou.

Segundo ele, essas intervenções são cruciais para evitar que a alta do dólar prejudique ainda mais a economia. “Se o dólar cai muito, prejudica os exportadores, que precisam de um dólar mais alto para ganhar mais reais com suas exportações”, observou.

O professor destacou a complexidade da política econômica, que envolve tanto a política monetária, gerida pelo Banco Central, quanto a política fiscal, sob controle do governo.

“O governo tem que equilibrar a política fiscal, que envolve tributação e despesas sociais, com a política monetária, que regula o dinheiro em circulação”, explicou Rosevaldo.

Ele ressaltou a dificuldade do governo em controlar a economia sem influenciar a política monetária. “O Banco Central autônomo é dominado pelo mercado financeiro, que muitas vezes não tem os mesmos interesses que o governo”, afirmou.

Rosevaldo também discutiu como a alta do dólar afeta a inflação e o custo de vida dos brasileiros. “A inflação de custos, como a que estamos discutindo, ocorre quando os preços dos insumos importados sobem devido ao dólar alto. Isso faz com que produtos básicos, como o pão, fiquem mais caros”, disse.

Ele alertou sobre a dificuldade do cidadão comum em investir no mercado de câmbio. “Dólar é lugar de cachorro grande, de tubarão. Se você não tem muita informação e experiência, não entre nesse jogo”, aconselhou.

Apesar dos desafios atuais, Rosevaldo vê oportunidades para investidores mais pacientes. “Quem quer ganhar dinheiro deve considerar a compra de pesos argentinos. A economia argentina pode se recuperar, mas é preciso saber esperar e ler bem o mercado”, sugeriu.

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