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“É um novo capítulo da mesma guerra desde 1946”, afirma historiador sobre conflito entre Irã e Israel

Sobre a possibilidade de um conflito de grandes proporções, o historiador alerta para as consequências geopolíticas e econômicas.

20/06/2025 08h56
“É um novo capítulo da mesma guerra desde 1946”, afirma historiador sobre conflito entre Irã e Israel
Foto: Reprodução/Al jazeera

A escalada da tensão entre Irã e Israel, que já resultou em mais de 200 mortes, reacende preocupações no cenário internacional e levanta dúvidas sobre uma possível guerra em escala global. Para o historiador Vicente Gualberto, o atual confronto é “um novo capítulo de uma novela que começou em 1946”.

Durante a entrevista, Gualberto contextualizou a origem dos conflitos na região.

“O Oriente Médio foi desenhado com régua pelos ingleses, sem respeitar a identidade cultural e territorial dos povos. O Estado de Israel foi literalmente tirado da cartola da ONU, em 1946, confiscando terras de países muçulmanos. Desde então, ninguém quis perder território, e o conflito persiste até hoje”, explicou.

Segundo o historiador, a rivalidade entre Irã e Israel, apesar de hoje parecer inevitável, nem sempre existiu.

“Por incrível que pareça, o Irã era amigo de Israel. Foi o único país muçulmano que reconheceu o Estado judeu. Mas em 1979, após a Revolução Islâmica, o Irã se transformou em uma república teocrática, onde a religião passou a ditar as leis. A partir daí, o Irã passou a considerar Israel um inimigo e a financiar grupos como o Hamas e o Hezbollah”, afirmou.

Gualberto vê o ataque de Israel como uma ação estratégica. “Israel tenta cortar a cabeça da serpente. O Irã tem um programa nuclear que eles alegam ser para fins pacíficos, mas todos sabem que o objetivo é produzir armas. Para Israel, ter um inimigo histórico com bomba atômica é um risco inaceitável. O ataque é preventivo, como já fizeram com o Iraque décadas atrás”, disse.

Sobre a possibilidade de um conflito de grandes proporções, o historiador alerta para as consequências geopolíticas e econômicas.

“Há risco real de o conflito escalar. Os Estados Unidos, apesar de prometerem não se envolver em guerras sem interesse direto, podem se aliar a Israel contra o Irã. Além disso, o Irã controla o Estreito de Ormuz, porta de saída do petróleo do Oriente Médio. Qualquer tensão ali faz o preço do petróleo disparar, o que afeta a economia global, inclusive o Brasil”, explicou.

Mesmo com os avanços tecnológicos de defesa de Israel, como abrigos antibomba e sistemas de mísseis, Gualberto aponta que o país está sofrendo com a intensidade dos ataques.

“O Irã prometeu uma resposta como nunca antes vista. Israel tem um sistema defensivo muito forte, mas está sendo impactado. A destruição é grande e o clima é de tensão permanente”, completou.

Vicente Gualberto deixou claro que, apesar de não acreditar que a guerra vá se transformar imediatamente em um conflito mundial, os efeitos já são sentidos.

“Pode não ser uma guerra global com tanques e soldados em vários países, mas já é uma guerra global do ponto de vista econômico e diplomático”, concluiu.

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