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Dia de Finados: psicólogo explica a relação do luto com a saúde mental

O psicólogo Tony Campos explicou que o luto é uma resposta natural à perda, que se manifesta não apenas na morte de um ente querido, mas em toda e qualquer perda significativa.

02/11/2024 09h55
Dia de Finados: psicólogo explica a relação do luto com a saúde mental
Foto: Divulgação SESP

No Dia de Finados, data de homenagem aos entes queridos que partiram, o programa Cidade em Pauta recebeu o psicólogo Tony Campos para uma discussão sobre o processo de luto. O psicólogo explicou que o luto é uma resposta natural à perda, que se manifesta não apenas na morte de um ente querido, mas em toda e qualquer perda significativa.

“O luto nada mais é do que um processo natural e complexo de reações emocionais e experiências que uma pessoa vivencia após a perda”, explicou.

Segundo o psicólogo, cada pessoa lida com o luto de maneira distinta, pois esse processo depende de fatores emocionais e psicológicos individuais.

“Não é uniforme. Cada um reage de forma diferente ao outro, de acordo com suas condições”, destacou. Ele enfatizou que o luto não se restringe apenas a perdas humanas, podendo ocorrer também com o fim de um relacionamento, a perda de um emprego ou até mesmo de um animal de estimação.

Tony também mencionou a existência do “luto antecipatório”, que ocorre quando familiares já sabem que seu ente querido está próximo de partir, como em casos de doenças terminais.

“Começa a vivenciar algumas emoções antes de que a morte ocorra, passando pela negação, raiva, barganha, depressão e aceitação”, explicou. Essa preparação emocional, de certa forma, ajuda a enfrentar a perda.

Outro aspecto importante abordado foi o luto patológico. De acordo com Tony, o luto saudável é caracterizado por tristeza, choro e uma falta temporária, mas que com o tempo tende a melhorar. Já o luto patológico ocorre quando a dor da perda se prolonga a ponto de se tornar uma depressão.

“Além do tempo prolongado, a pessoa passa a vivenciar uma tristeza intensa, anedonia — a falta de prazer em atividades que antes eram agradáveis —, insônia e perda de apetite. Isso já caracteriza uma depressão”, explicou.

A conversa também abordou o tabu sobre a morte. “A única certeza que temos é que um dia vamos morrer, mas, como evitamos falar sobre isso, fica mais difícil lidar quando acontece”, afirmou. Segundo ele, essa falta de preparo para a finitude faz com que as pessoas não saibam como viver o luto de maneira saudável.

“Precisamos entender que a vida tem início, meio e fim, e que preparar a família para isso, deixando tudo organizado, é um ato de amor e cuidado”, acrescentou.

Para enfrentar o luto de maneira saudável, o especialista recomenda permitir-se vivenciar as emoções plenamente.

“Sentir tristeza, raiva, e aceitar a perda são partes essenciais do processo. Negar essas emoções dificulta ainda mais”, alertou. Além disso, o psicólogo vê o luto como uma oportunidade para reavaliar valores e prioridades. Ele citou uma resposta do Dalai Lama sobre a vida: “O homem gasta saúde para ganhar dinheiro e depois gasta dinheiro para recuperar a saúde. Vive como se nunca fosse morrer e morre como se nunca tivesse vivido.” Tony acredita que, diante da finitude, é importante repensar a própria existência, o legado que queremos deixar e a importância de estar presente para os que nos rodeiam.

Sobre as homenagens no Dia de Finados, como levar flores aos túmulos, o psicólogo observa que a prática varia conforme a cultura. Em países como o México, essa data é celebrada de forma festiva, com altares e comemorações coloridas.

No Brasil, a visita aos cemitérios tem um tom mais sóbrio e introspectivo, uma forma de demonstrar respeito e lembrar a memória dos que já se foram. Ele reflete que esses atos são formas de lidar com a ausência: “As homenagens nos cemitérios são para nós, para nos lembrarmos de quem partiu e reafirmarmos a nossa conexão com aqueles que amamos.”

O psicólogo finalizou com uma reflexão sobre o luto como um processo de reconstrução. “O luto nos ensina a reaprender a viver sem a pessoa, reconstruindo uma vida que será diferente da que tínhamos antes. É um caminho difícil, mas necessário, para aceitar e seguir em frente,” concluiu.

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