Dia de Atenção à Gagueira: distúrbio possui predisposição genética
“A gagueira não tem cura, e não tem graça. Mas tem tratamentos”, destaca a especialista.
Comemorado desde 1998 em todo o mundo, o Dia Internacional de Atenção à Gagueira (DIAG) chama atenção para a disfemia, transtorno neurobiológico de fluência da fala, mais conhecido como “gagueira”. Segundo a fonoaudióloga Karine Macedo, não há idade de surgimento exata, mas é comum que a gagueira surja ainda nos primeiros anos de vida.
“A gagueira é um transtorno de fluência da fala, ou seja, o indivíduo consegue falar, tem recursos articulatórios e sabe produzir todos os sons, mas na hora do controle para se tornar fluente há uma ‘quebra’. É como se faltasse a conexão entre o controle da respiração e da fala, da maneira que é esperada”, conceitualiza a especialista em entrevista ao De Olho na Cidade.
Embora não haja uma causa definida, a gagueira é definida como um distúrbio neurobiológico. Acredita-se que seja causada por uma alteração nos núcleos de base do cérebro, responsáveis pela automatização da fala. Devido a essa modificação, os núcleos de base não conseguem ajustar adequadamente o tempo de duração de sons e sílabas, causando prolongamentos, repetições ou bloqueios.
“Existe relação com a genética, mas a causa mais aceita é que ela é multifatorial. Existe uma predisposição genética ou neurológica, questões ambientais, e questões que podem perpetuar, e tem a ver com o emocional”.
Devido a influência neurobiológica, o portador da gagueira não consegue ter controle da sua fala, ou seja, repetições ou prolongamentos podem acontecer involuntariamente. O tratamento é feito com o profissional de fonoaudiologia, mas também pode ser feito de forma multidisciplinar com a participação de psicoterapias, para lidar com questões emocionais.
A intervenção terapêutica ainda na infância reduz as chances de perpetuação e conduz melhor o indivíduo a uma comunicação eficiente. Atividades como canto e interpretação teatral podem auxiliar o portador da gagueira na melhor condução da sua fala.
“A gagueira não tem cura, e não tem graça. Mas tem tratamentos”, destaca a especialista.
O distúrbio também ganhou notoriedade no ano de 2011 após o filme “O Discurso do Rei” ganhar o Oscar de melhor filme do ano. O longa retrata a história real do rei George VI, portador de nível severo de gagueira, que foi em busca de ajuda para melhorar sua oratória e discursar efetivamente com o seu reino.