Bahia

Dia da Mulher Negra: conheça a história de Tereza de Benguela, líder quilombola

Um dos mais importantes resgates históricos da figura de Benguela foi feito pela escola de Samba do Rio de Janeiro, a Viradouro, no ano de 1994

25/07/2023 16h59
Dia da Mulher Negra: conheça a história de Tereza de Benguela, líder quilombola
Foto: divulgação

No dia 25 de julho é celebrado a luta da Mulher Negra Latina Americana e Caribenha. Com atos marcados nas mais diversas regiões do Brasil, Salvador recebe na Praça da Piedade uma ocupação poética e intervenções artísticas. A data representa a luta contra o racismo e o sexismo e celebra a batalha traçada por Tereza de Benguela. 

Mas, qual é a importância desse dia para além do Dia Internacional da Mulher? E afinal, quem foi Tereza de Benguela e por que dentre tantas mulheres, ela é a homenageada?

Tereza de Benguela foi a líder do Quilombo Quariterê – ou Quilombo do Piolho, tradução da palavra em Tupi-Guarani. Ela passou a chefiar o refúgio após a morte do seu marido José Piolho. Sob seu comando, o Quilombo resistiu à escravidão por duas décadas, durante o século 18 na região do Vale do Guaporé, no Mato Grosso.

Ao Metro1, a historiadora e mestranda pela Universidade Federal da Bahia (Ufba), Victoria da Paixão, relatou que a hegemonia de Tereza aconteceu com auxílio de indígenas e dos mais velhos, que representavam a ancestralidade viva.

A Rainha do Quariterê foi assassinada por volta de 1770. Tereza teve seu corpo esquartejado e espalhado em diversas vilas, como um recado do que o Estado na época – e ainda hoje – faz com mulheres negras potentes. Pouco mais de 240 anos depois, o governo brasileiro instituiu o dia 25 como uma lembrança do seu legado.

Memória 

Não é possível determinar o ano ou local de nascimento de Tereza de Benguela, assim como de tantas outras figuras negras que compuseram a história brasileira. Segundo a historiadora, existem registros policiais que relatam sobre a líder e a sua morte, mas nada além disso.

A oralidade histórica então deu conta de eternizar a vida e a luta de Tereza, assim como a de Maria Felipa (heroína da Independência do Brasil na Bahia) e diversas outras. “Os relatos orais só não são suficientes para a história hegemônica. Existe uma tentativa de matar o conhecimento e a história oral na ação de impedir que produzamos novos conhecimentos. Essa ação vem da ideia de manter a história de maneira branca. Tudo que não faz parte desse arcabouço é considerado não história, é apenas um conto”, refletiu.

Um dos mais importantes resgates históricos da figura de Benguela foi feito pela escola de Samba do Rio de Janeiro, a Viradouro, no ano de 1994. A líder quilombola foi tema do samba enredo, definida como “uma rainha negra no pantanal”.

*Metro 1

Comentários

Leia também

Bahia
Jerônimo discute construção da ponte Salvador-Itaparica em jantar com Lula e Xi Jinping

Jerônimo discute construção da ponte Salvador-Itaparica em jantar com Lula e Xi Jinping

Governador afirmou que o evento foi uma oportunidade para fortalecer relações diplomáticas...
Bahia
Cores do Recôncavo realiza intervenção artística na Casa da Cultura de Saubara

Cores do Recôncavo realiza intervenção artística na Casa da Cultura de Saubara

A entrega do “Painel Cores do Recôncavo” será na sexta-feira, dia 22 e, no dia 23...