Deyvid Bacelar defende protagonismo da Bahia e do Brasil na transição energética justa
Segundo Deyvid, a Bahia está na vanguarda da transição energética.
Durante entrevista ao programa Jornal do Meio Dia da Rádio Princesa FM, o coordenador-geral da Federação Única dos Petroleiros (FUP), Deyvid Bacelar, destacou o papel estratégico da Bahia e do Brasil no cenário mundial da transição energética. Ele também comentou a recente redução no preço da gasolina anunciada pela Petrobras, explicando por que essa queda não se reflete nos postos baianos, e defendeu o retorno da estatal ao controle da refinaria local e da distribuição de combustíveis.
Segundo Bacelar, a Bahia está na vanguarda da transição energética.
“Quando a gente fala da Bahia, estamos falando de um estado que está anos-luz à frente, não somente dos outros estados do Brasil, mas de muitos países. A Bahia hoje é a maior produtora de energia eólica do nosso país”, afirmou.
Ele lembrou que a matriz energética brasileira já é considerada uma das mais limpas do mundo, com 50% de fontes renováveis.
“A matriz elétrica brasileira tem 90% de fontes limpas ou renováveis, vindas principalmente de hidrelétricas, energia solar e eólica, o que diferencia o Brasil dos demais países do G20.”
Deyvid defendeu que o Brasil deve ir além da exportação de energia limpa e tornar-se protagonista no desenvolvimento de novas tecnologias e combustíveis sustentáveis.
“Como o presidente Lula tem dito, não devemos ser apenas exportadores de energia ou de hidrogênio verde. O Brasil precisa ser protagonista, desenvolvendo combustíveis do futuro, como os combustíveis sintéticos — produzidos sem uma gota de petróleo, a partir da energia solar, eólica e da hidrólise da água.”
Ele citou a possibilidade de produção de metanol, gasolina verde, amônia e combustíveis sustentáveis para aviação.
“Na Bahia, podemos desenvolver essa indústria. Isso gera mais emprego, mais renda e mais riqueza para o país, além de ajudar na proteção do meio ambiente, com menos emissões de gases de efeito estufa”, ressaltou.
Para Deyvid, essa transição precisa ser justa e incluir os povos tradicionais.
“Tem que dialogar com comunidades indígenas, quilombolas, ribeirinhas, que também precisam se beneficiar dessa riqueza que já está sendo gerada.”
Sobre o anúncio da Petrobras de uma redução de 5,6% no preço da gasolina — o que equivale a uma queda de R$ 0,17 por litro nas refinarias — Bacelar explicou por que esse desconto não chega ao consumidor baiano.
“Essa redução não chega à Bahia porque a nossa refinaria foi privatizada. Para termos acesso ao preço mais justo da Petrobras, é necessário que a Refinaria Landulpho Alves seja recompra pela Petrobras”, disse.
Ele também criticou a privatização da BR Distribuidora e da Liquigás durante o governo anterior.
“Mesmo que o preço caia nas refinarias, a distribuidora e os revendedores aumentam suas margens de lucro. A Petrobras precisa retomar a comercialização e distribuição de combustíveis no país.”
Deyvid alertou que muitos consumidores ainda acreditam que os postos com a marca Petrobras são operados pela estatal.
“Esses postos pertencem à Vibra, que usa a marca Petrobras até 2029, tentando ludibriar a população. Reafirmo: não são mais da Petrobras.”
Segundo ele, a luta no Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável, o “Conselhão” do governo Lula, é justamente para que a estatal retome sua presença na distribuição.
“Se a Petrobras tivesse recompra a BR Distribuidora, ou criado uma nova, os preços poderiam ser ainda menores do que já são hoje no restante do país”, afirmou.