Denunciados pelo MP por assassinato de Mãe Bernadete enfrentam júri popular
Os acusados vão responder pelos crimes de homicídio qualificado, cometidos por motivo torpe cruelmente, sem possibilitar a defesa da vítima
Os três homens denunciados pelo Ministério Público da Bahia pelo assassinato da ialorixá e líder do Quilombo Pitanga dos Palmares, Maria Bernadete Pacífico Moreira, a ‘Mãe Bernadete’, vão a julgamento popular. A determinação judicial foi expedida nesta segunda-feira (22) pela 1ª Vara Crime de Simões Filho.
Arielson da Conceição Santos, Marílio dos Santos e Sérgio Ferreira de Jesus serão julgados pelo Tribunal do Júri pelos crimes de homicídio qualificado, cometidos por motivo torpe cruelmente, sem possibilitar a defesa da vítima e para assegurar a execução. Além disso, Arielson ainda responderá pelo crime de roubo. A Justiça decidiu manter os três acusados presos.
Os outros dois denunciados, Josevan Dionísio dos Santos e Ydney Carlos dos Santos de Jesus, seguem foragidos. Por isso, o MP solicitou que a ação penal fosse desmembrada para garantir o andamento do processo dos três que agora vão a julgamento. Conforme a sentença judicial, a análise das investigações e das provas técnicas e testemunhais trazidas ao longo do processo aponta para existência de elementos relevantes e suficientes sobre a autoria dos crimes.
O documento alega também que, em “dezenas de oitivas de familiares e moradores da localidade Quilombo Pitanga dos Palmares”, foi “unânime o relato de que a vítima, fundadora e importante liderança da comunidade, era figura reconhecida pela luta referente ao assentamento, reconhecimento do quilombo e pelo combate à exploração ilegal de madeira e à prática de tráfico de drogas”.
Segundo as investigações, os réus integram organização criminosa, cujo líder seria Marílio, também integrante de outra facção com atuação em Salvador e Região Metropolitana.
Caso Mãe Bernadete
Maria Bernadete Pacífico Moreira, a Mãe Bernadete, foi assassinada no dia 17 de agosto de 2023, na sede da associação quilombola, na comunidade de Pitanga dos Palmares, no município de Simões Filho, na Região Metropolitana de Salvador.
As investigações da ‘Operação Pacific’, realizadas pela Polícia Civil com apoio do Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas (Gaeco) do MP e da 7ª Promotoria de Justiça de Simões Filho, informam que a líder religiosa foi alvejada com 25 tiros de arma de fogo em várias partes do corpo, na própria casa, onde estavam três netos dela, de 12, 13 e 18 anos.
As apurações apontam que o motivo teria sido porque a líder religiosa, se posicionou de maneira firme contra a expansão do tráfico de drogas na região e contra especificamente contra a construção da barraca ‘Point Pitanga City’, ponto de venda de drogas de Marílio e Ydney, edificada pelo grupo criminoso na barragem de Pitanga dos Palmares ilegalmente — pois o local é área de preservação ambiental.
*Com informações Metro 1