Demolições em Feira de Santana: Arquiteta alerta para a perda do patrimônio histórico
A preservação do patrimônio histórico de Feira de Santana não é apenas uma questão de manter prédios antigos, mas de manter viva a memória e a identidade cultural da cidade.
Feira de Santana, uma cidade com rica história arquitetônica, tem enfrentado um crescente desafio: a preservação de seu patrimônio histórico diante das frequentes demolições. Manuela Lula, arquiteta, urbanista e artista, compartilhou suas preocupações sobre este problema em entrevista ao Home News do programa Jornal do Meio Dia.
“A história arquitetônica de Feira possui muitas demolições datadas desde muitos anos. Então, Feira é uma cidade rica em história que, infelizmente, tem sido demolida. A arquitetura fala muito sobre a história, sobre a cultura”, afirmou.
Nos últimos anos, várias demolições de edifícios históricos se destacaram. Manuela destacou alguns casos emblemáticos.
“Das demolições importantes que aconteceram há muitos anos atrás, temos o casarão de João Marinho Falcão, que inclusive teve a passagem do presidente Getúlio Vargas, e o Casarão de Chico Pinto na Avenida Senhor dos Passos. Recentemente, a casa elevada do Amélio Amorim na Getúlio Vargas também foi demolida”.
Ela ressalta que o centro da cidade, onde a urbanização inicial de Feira de Santana começou, tem visto suas arquiteturas históricas serem substituídas por fachadas comerciais.
Manuela enfatiza a importância de conciliar a preservação do patrimônio histórico com o desenvolvimento urbano.
“A preservação da história e da arquitetura melhora todos os sentidos da cidadania, como segurança e iluminação, tornando a cidade mais segura e atraente para seus habitantes e visitantes. Aqui em Feira, as pessoas no geral têm uma visão de que são uma cidade comercial, mas não é bem assim, o comércio e a preservação do patrimônio histórico estão interligados, são complementares. Uma cidade não é só comercial ou só turística; os dois aspectos devem coexistir”.
Para Manuela, os profissionais de arquitetura e urbanismo têm um papel crucial na defesa e preservação do patrimônio histórico.
“A área de arquitetura e urbanismo é muito importante porque convivemos diariamente com ela. Falar sobre arquitetura é importante para disseminar a ideia de que todos devem ter acesso ao que é uma arquitetura e um patrimônio, e de como isso pode melhorar a cidade”.
Ela também destaca a necessidade de conscientizar a comunidade sobre a importância da preservação. “Temos que falar com as pessoas e disseminar a ideia de que a arquitetura deve ser acessível a todos. A preservação da história e da arquitetura é essencial para a cidadania e para criar um futuro melhor”.
Manuela cita Cachoeira como um exemplo a ser seguido. “Cachoeira é uma cidade tombada e o comércio lá é muito forte também. A modernidade deve chegar, mas alinhada com os preceitos históricos deixados por um povo. Em Feira, muitas memórias culturais e arquitetônicas estão sendo apagadas, o que é muito triste”.
Ela sugere estratégias para conciliar o desenvolvimento urbano com a preservação do patrimônio histórico. “Podemos preservar a volumetria das construções antigas, como no caso da Casa Elevada de Amélio Amorim. Mesmo com novas áreas comerciais, é possível manter a fachada e a história viva”.