Delegada alerta para riscos crescentes de crimes virtuais contra adolescentes
Homem foi preso por induzir adolescente à automutilação e abuso virtual em Feira de Santana
Um homem de 25 anos foi preso em São Paulo, suspeito de induzir uma adolescente de 15 anos, moradora de Feira de Santana, à automutilação, tentativa de suicídio e prática de atos sexuais virtuais. Segundo a delegada Lorena Almeida, responsável pelo caso, o investigado se passava por uma adolescente em um aplicativo de mensagens e construiu uma relação abusiva com a vítima.
“Essa menina acreditava que estava namorando com outra adolescente. Mas, na verdade, era um homem adulto, manipulador, que usava perfis falsos para estabelecer uma dependência emocional e cometer os abusos”, afirmou a delegada, titular da Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (DEAM/Feira).
A adolescente foi hospitalizada após ingerir medicamentos controlados e provocar cortes em seu corpo. O alerta veio da própria mãe, que, ao perceber o estado emocional da filha, acessou os dispositivos eletrônicos da jovem e descobriu conversas perturbadoras.
“Ele dizia para ela se cortar, mandava mensagens com ordens diretas e ameaçava terminar o relacionamento se ela não obedecesse. Quando tivemos acesso ao conteúdo dessas conversas, ficamos abismados com o grau de crueldade psicológica”, contou Dra. Lorena.
As investigações foram conduzidas pela DEAM, com apoio do Núcleo de Inteligência da 1ª Coordenadoria de Polícia do Interior (1ª Coorpin) e participação da Polícia Federal. A partir da análise dos dados e rastreamento digital, o autor foi localizado e teve a prisão preventiva decretada pela Justiça de Feira de Santana.
Durante a ação em São Paulo, a Polícia Civil apreendeu celulares, computador e notebook do suspeito, que agora passam por perícia. A polícia investiga a possibilidade de outras vítimas.
“O crime foi cometido com base em manipulação emocional. Ele utilizava técnicas conhecidas como grooming, se aproximando da vítima, ganhando sua confiança, dizendo que passava pelos mesmos problemas, até conquistar total controle sobre ela”, explicou a delegada.
A vítima possui diagnóstico de transtorno de personalidade e segue em acompanhamento psicológico. Segundo Dra. Lorena Almeida, a relação construída pelo agressor envolvia chantagem, ameaças e violência psicológica.
“Ele isolava a menina, dizia que ela precisava se afastar dos amigos, da família. Criou uma situação de dependência afetiva tão forte que ela acreditava que só existia aquela relação para se sentir viva. E isso é extremamente perigoso.”
O suspeito vai responder por induzimento e auxílio à automutilação e ao suicídio, estupro virtual e violência psicológica.
“Não é porque o abuso acontece no ambiente digital que deixa de ser violência. É crime. E os danos emocionais, muitas vezes, são tão graves quanto os físicos”, pontuou.
A Polícia Civil alerta pais e responsáveis sobre o uso de redes sociais e plataformas de mensagens, que, embora criadas para jogos e interação entre jovens, têm sido frequentemente utilizadas para aliciamento de menores.
“A internet não é um espaço seguro sem supervisão. É fundamental que os pais saibam com quem seus filhos estão conversando, que aplicativos estão usando, que tipo de conteúdo consomem. Isso pode salvar vidas”.