Política

Defesa de Bolsonaro se omite sobre desinformação contra urnas a embaixadores

Bolsonaro afirmou na ocasião que o próprio Tribunal Superior Eleitoral disse que os resultados de 2018 podem ter sido alterados

27/06/2023 08h06
Defesa de Bolsonaro se omite sobre desinformação contra urnas a embaixadores
Foto: Reprodução/Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

Na ação que pode tornar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) inelegível em razão de acusações de mentiras e distorções sobre o sistema eleitoral em encontro com embaixadores, a defesa do ex-presidente diz que não houve ilícito, mas se omite em demonstrar que as falas no evento teriam embasamento em evidências.

Entre outras afirmações já refutadas — e ignoradas por seus advogados nas alegações finais do processo —, conforme a Folha de S.Paulo, Bolsonaro afirmou na ocasião que o próprio Tribunal Superior Eleitoral (TSE), disse que os resultados de 2018 podem ter sido alterados e que não é a corte quem faz a contagem dos votos.

O discurso de Bolsonaro no evento é caracterizado pela defesa com expressões como “ponto de vista”, “dúvidas legítimas” e “tentativa de exposição de aprimoramento do processo eleitoral”.

Na ocasião, entretanto, Bolsonaro não disse que estava dando sua opinião. Pelo contrário, logo no início do evento, afirmou que basearia sua fala em uma investigação da Polícia Federal sobre um ataque hacker ao TSE.

“Tudo que vou falar aqui, está documentado, nada da minha cabeça”, disse aos embaixadores. “Tudo que eu falo aqui ou é conclusão da PF ou é diretamente informações prestadas pelo TSE”, completou.

“Nós não podemos enfrentar umas eleições sob o manto da desconfiança. Nós queremos ter a certeza de que, para quem o eleitor votou, o voto vai exatamente para aquela pessoa. O próprio TSE diz que em 2018 números podem ter sido alterados”, afirmou.

A apuração citada por Bolsonaro teve início em novembro de 2018 após o tribunal acionar a PF. Trechos desse mesmo inquérito tinham sido lidos por Bolsonaro quase um ano antes, em agosto de 2021, em entrevista à Rádio Jovem Pan e divulgados em suas redes sociais.

A Folha, por sua vez, entrou em contato com a defesa de Bolsonaro questionando o motivo de a defesa não ter buscado demonstrar o embasamento das afirmações do então presidente na reunião com embaixadores, mas não obteve resposta até a publicação do texto.

Entre as provas inseridas na ação do TSE, mas sem acesso público, está o inquérito policial sobre o referido ataque hacker.

Nesta segunda-feira (26), após uma reunião com deputados do PL na Assembleia Legislativa de São Paulo, Bolsonaro disse “não ser justo falar em ataque à democracia” para descrever o encontro. Também se referiu a suas falas como “críticas ou sugestões de aperfeiçoamento do sistema eleitoral”.

O julgamento no TSE teve início na última quinta-feira e será retomado hoje (27), com o voto do relator, a partir das 19h.

Em seu parecer, o vice-procurador-geral eleitoral, Paulo Gonet, afirmou que Bolsonaro descontextualizou as informações do inquérito da PF, ignorando contestações já feitas pelo próprio TSE sobre o assunto.

“Não houve alusão a essas contestações no discurso aos embaixadores, tendo sido apresentados como fatos certos o que eram especulações sem base idônea, sabidas inverdades ou conclusões desavindas do seu contexto”, diz.

*Bahia.ba

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