Cores na decoração: como a escolha certa influencia o bem-estar e as emoções
Na arquitetura, a psicologia das cores e a neuroarquitetura estudam exatamente como essas escolhas afetam nossas emoções e comportamentos.
A escolha das cores na decoração vai muito além da estética: elas têm impacto direto nas emoções e no comportamento das pessoas. Para explicar como funciona essa influência, o programa Jornal do Meio Dia conversou com a arquiteta e urbanista Ana Vitória.
Segundo Ana, “as cores têm a capacidade de criar estímulos visuais. Nosso corpo humano percebe o mundo através de vários sentidos, como audição, visão e olfato. Assim como uma música pode nos animar ou nos deixar melancólicos, as cores provocam reações similares no nosso cérebro”.
Ela explica que na arquitetura, a psicologia das cores e a neuroarquitetura estudam exatamente como essas escolhas afetam nossas emoções e comportamentos.
Na hora de decorar, é importante considerar o objetivo de cada espaço. “Em uma sala de estar, buscamos relaxamento e socialização. Por isso, cores menos estimulantes, como azul claro, verde claro, tons de bege e terrosos, promovem aconchego e bem-estar”, orienta Ana.
Por outro lado, cores como vermelho e laranja são muito vibrantes e estimulantes, podendo causar alerta ou irritabilidade.
“Não é aconselhado usar vermelho em quartos ou salas de estar. Já na cozinha e na sala de jantar, o amarelo em tons claros é excelente, porque estimula o apetite e transmite alegria”, complementa.
Ana destaca ainda a importância do equilíbrio entre preferências pessoais e efeitos psicológicos das cores:
“Se alguém gosta de vermelho, por exemplo, é melhor usar em detalhes da decoração e não em superfícies grandes, para evitar impactos negativos no humor.”
A arquiteta observa que a arquitetura contemporânea tem se tornado mais sóbria ao longo dos anos, com predomínio de tons de cinza, preto e branco.
“Depois da industrialização e com a era tecnológica, a sociedade passou a priorizar produtividade, funcionalidade e lucratividade. Como a vida está cheia de estímulos tecnológicos, ambientes muito coloridos passaram a ser evitados para não sobrecarregar as pessoas.”
Ela acrescenta que a falta de cores não se limita à arquitetura: “Carros, roupas e objetos tecnológicos também seguem paletas mais neutras, refletindo uma vida mais agitada e uma busca por ambientes menos estimulantes.”
Ana recomenda que a decoração seja usada como um aliado para melhorar o bem-estar, especialmente para quem enfrenta rotina estressante:
“Chegar em casa e se deparar com tons relaxantes, como azul ou branco, ajuda a descansar. Evite vermelho e laranja se estiver cansado ou irritado, porque essas cores estimulam ainda mais a energia e podem gerar desconforto.”
Ela também ressalta o papel do tato e das texturas na sensação de conforto:
“Podemos trazer elementos da natureza para dentro de casa, como madeira, pedras naturais e tecidos variados. Isso ajuda a aliviar a tensão do dia a dia e cria ambientes mais acolhedores e calorosos.”
Por fim, Ana reflete sobre a importância de resgatar identidade nos ambientes:
“Hoje vemos casas mais sóbrias, sem muitos detalhes ou cores. Antes, cada residência tinha sua personalidade. Buscar elementos que reflitam nossa identidade pessoal na decoração é fundamental para que o lar seja realmente nosso.”