Cooperfeira avalia taxa de 50% dos EUA sobre carne do Brasil
Segundo a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), os Estados Unidos foram responsáveis por mais de US$ 1 bilhão em compras de carne bovina brasileira apenas no primeiro semestre de 2025.
A decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de aplicar uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, com destaque para a carne bovina, gerou forte reação entre representantes do setor agropecuário. Em Feira de Santana, a Cooperfeira (Cooperativa Pecuária de Feira de Santana) demonstrou grande preocupação com os efeitos da medida sobre a economia local e regional.
Segundo a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), os Estados Unidos foram responsáveis por mais de US$ 1 bilhão em compras de carne bovina brasileira apenas no primeiro semestre de 2025. A nova taxação compromete diretamente a competitividade do produto nacional no mercado norte-americano, gerando efeitos em toda a cadeia produtiva, como menor volume de abates, queda no preço pago aos pecuaristas e dificuldades no escoamento da produção.
Para o presidente da Cooperfeira, Luiz Alberto Falcão, é preciso agir com rapidez e estratégia para mitigar os impactos da decisão norte-americana.
“Nosso trabalho na Cooperfeira é intensificar o diálogo com cooperados e buscar novos canais de escoamento. Estamos atentos e mobilizados para manter a competitividade e preservar o setor produtivo da Bahia”, afirmou.
A Cooperfeira, que atende mais de 130 municípios e conta com mais de 800 cooperados e cerca de 300 funcionários, alerta que a medida norte-americana não afeta apenas a exportação da carne em si, mas também toda a cadeia de insumos que o Brasil importa dos Estados Unidos, como máquinas e equipamentos agrícolas.
“Essas medidas tomadas pelo governo dos Estados Unidos são eleitoreiras e políticas. Elas não atingem só o agronegócio, mas a economia como um todo. Nós compramos muitos insumos e maquinários deles. É o nosso segundo maior parceiro comercial. Isso é muito preocupante”, destacou.
O dirigente da cooperativa também fez um alerta mais amplo, considerando os reflexos globais da medida:
“A agropecuária é um setor muito sensível. Situações como essa, mal conduzidas, podem desencadear crises maiores, até guerras comerciais, como já vimos no passado. Hoje, amanhecemos todos muito preocupados, não só com o setor agrícola, mas com o rumo do país como um todo.”
Diante do cenário, a Cooperfeira pretende intensificar ações de comunicação com os cooperados e o mercado nas próximas semanas. Para Agenor Campos, diretor da cooperativa, o momento exige união, confiança e foco na excelência dos processos.
“Precisamos preservar a confiança nos produtos da pecuária baiana e valorizar as nossas boas práticas. A Cooperfeira está preparada para esse novo momento, sempre com foco na qualidade, rastreabilidade e no respeito às normas sanitárias”, afirmou.
Entidades nacionais como a Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) e a Abiec também se pronunciaram, defendendo a ampliação de mercados internacionais e o reforço do diálogo diplomático. A China surge como possível destino para a carne que seria enviada aos EUA, mas os especialistas alertam que há desafios logísticos e exigências sanitárias que precisam ser superadas.
Mesmo com as incertezas, a Cooperfeira acredita que a medida não deve prosperar.
“Achamos que isso não vai pra frente. É algo de uma seriedade tão grande que é difícil acreditar que vá se tornar realidade. Mas, enquanto isso, seguimos atentos, buscando soluções e defendendo os interesses da nossa região e do nosso país”, concluiu Luiz Alberto Falcão.