São João 2024

Compreendendo o São João: Uma tradição de fartura e história

Historiador desvenda as origens e significados das celebrações que iluminam o Nordeste brasileiro

24/06/2024 06h15
Compreendendo o São João: Uma tradição de fartura e história
Foto: Rosilda Cruz/Sufotur

O São João é celebrado com entusiasmo em diversas partes do Brasil, especialmente no Nordeste. No entanto, muitas pessoas desconhecem a origem dessa tradição tão rica e significativa. Para esclarecer, o De Olho na Cidade conversou com o historiador Vicente Gualberto, que explicou em detalhes as raízes e a evolução dessa festividade.

Segundo Gualberto, a tradição das fogueiras e danças em torno do fogo já existia antes da chegada do cristianismo.

“Entre os dias 20 ou 21 de junho, as pessoas tinham o costume de fazer fogueiras e dançar ao redor delas durante a noite toda. Quando a Igreja percebeu que não conseguiria erradicar essas celebrações, decidiu adaptá-las, criando uma data cristã. Assim, o dia 24 de junho foi estabelecido como o nascimento de São João Batista, embora a data exata seja desconhecida devido às diferenças entre os calendários judaico e romano”, explica o historiador.

Com a colonização, os portugueses trouxeram essa festa para o Brasil, onde encontrou solo fértil para se enraizar.

“Os índios já tinham o costume de fazer fogueiras e dançar ao redor, assim como os negros nas senzalas. Então, a introdução dessa tradição se deu de maneira natural e prática”, comenta Gualberto.

A quadrilha, por exemplo, originou-se na França, onde era uma dança de salão chamada Minueto. Já o forró tem uma origem interessante.

“Na construção de uma hidrelétrica em Alagoas, os ingleses promoviam uma festa chamada ‘for all’, onde todos podiam dançar ao som da sanfona. Esse nome foi adaptado pelos nordestinos, tornando-se ‘forró'”, conta.

A diversidade das festas juninas no Nordeste é notável. “No Maranhão, por exemplo, o São João está ligado ao Bumba Meu Boi, enquanto em Pernambuco, temos o caboclinho. Cada região celebra de maneira única, refletindo sua própria cultura”, detalha Gualberto.

Ele destaca ainda a importância de figuras como Luiz Gonzaga, o Rei do Baião, que criou um ritmo que se tornou essencial nas celebrações juninas, embora antes já se dançassem outros ritmos africanos e europeus, como o xote e o xaxado.

No Nordeste, as festas juninas estão intimamente ligadas à agricultura e à fartura. “Para nós, nordestinos, o dia de plantar o milho é no dia de São José, para que haja milho no São João. A festa é, acima de tudo, uma celebração da colheita e da fartura”, enfatiza Gualberto. Ele ressalta que, apesar da modernidade e da violência que impedem as celebrações tradicionais em algumas áreas, a essência da comemoração permanece.

Além de São João, outras figuras religiosas são celebradas durante as festas juninas. “Santo Antônio, conhecido como o santo casamenteiro, é uma tradição portuguesa forte e São Pedro, o ‘homem da chave do céu’, também é celebrado, refletindo a profunda herança religiosa dessas festividades”, conclui o historiador.

As festas juninas, portanto, são muito mais do que simples celebrações. Elas representam uma rica tapeçaria de história, cultura e fé, que se entrelaçam para criar uma das tradições mais vibrantes e significativas do Brasil.

*Com informações do repórter Robson Nascimento

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