A dificuldade na cicatrização de feridas pode estar diretamente ligada à presença de doenças crônicas como diabetes, hipertensão, obesidade e insuficiência venosa, conforme explicou a estomaterapeuta Aquilla Chahinne.

Segundo a especialista, as chamadas comorbidades, doenças associadas que interferem na recuperação do organismo, estão entre os principais fatores que atrasam ou até impedem a cicatrização adequada.

“Comorbidades nada mais são do que doenças que estão relacionadas à dificuldade de cicatrização. Hipertensão, diabetes e obesidade são exemplos de doenças crônicas que afetam diretamente esse processo”, explicou.

Aquilla destacou que muitos pacientes com pressão alta não sabem que a hipertensão arterial também pode causar feridas, conhecidas como úlceras hipertensivas ou de Martorell.

“Existe uma úlcera que acontece por causa da pressão alta. Ela geralmente aparece na lateral ou na parte posterior da perna e é difícil de cicatrizar, porque enquanto o paciente não conseguir normalizar a pressão arterial, não vai ter boa resposta ao tratamento”, alertou.

Ela reforçou que o diagnóstico correto é essencial. “Atendemos pacientes que fizeram vários exames sem entender a origem da ferida, e descobrimos que o problema era justamente a hipertensão descontrolada”, acrescentou.

Outro ponto de atenção é o diabetes, que, segundo a estomaterapeuta, compromete o sistema imunológico e a circulação.

“O excesso de açúcar no sangue altera funções importantes do corpo, inclusive a dos glóbulos brancos. O sistema de defesa fica prejudicado, e a capacidade de cicatrização diminui. Quanto maior o descontrole da glicemia, maior o risco de complicações”, explicou.

A obesidade também foi apontada como um fator que retarda a cicatrização.

“A obesidade está associada à má oxigenação dos tecidos, à dificuldade de movimentação e ao aumento da inflamação do corpo. O organismo do paciente obeso já está inflamado, o que torna o tratamento mais desafiador”, afirmou.

Segundo ela, a recuperação depende tanto da tecnologia quanto do comprometimento do paciente.
“Podemos usar os melhores curativos e equipamentos do mundo, mas 70% do resultado depende do paciente: da alimentação, da hidratação e dos hábitos de vida”, destacou.

Aquilla também falou sobre casos de insuficiência venosa, que afetam principalmente pessoas acima dos 60 anos e podem gerar feridas recorrentes.

“Muitos pacientes tratam as feridas, mas não tratam a causa. Usamos tecnologia de ponta, como terapia por pressão negativa e curativos importados, mas também trabalhamos junto com o cirurgião vascular, porque é preciso tratar as veias comprometidas para evitar que a ferida volte”, explicou.

A estomaterapeuta fez ainda um alerta sobre o uso contínuo de anti-inflamatórios e corticoides, que podem prejudicar o processo de cicatrização.

“Esses medicamentos bloqueiam a fase inflamatória da cicatrização, impedindo que o organismo avance nas outras etapas. Só devem ser usados sob orientação médica”, advertiu.

Durante a entrevista, foi exibido o depoimento de uma paciente de Conceição da Feira, que celebrou sua recuperação após tratamento na clínica.

“Adorei o atendimento e me curei da ferida. Hoje é só alegria, graças a Deus”, relatou.

Aquilla comemorou o resultado e lembrou que a clínica Dr. Curativos, localizada em Feira de Santana, completa quatro anos de funcionamento em novembro.

“A gente se alegra muito ao ver esses depoimentos. Ainda há muitas pessoas sofrendo com feridas crônicas por falta de informação e acesso a tratamento adequado. Nosso objetivo é mudar essa realidade”, destacou.

Encerrando a entrevista, a especialista deixou uma mensagem de conscientização:

“Se você tem uma ferida e é diabético, hipertenso ou obeso, não espere. Quanto mais o tempo passa, mais difícil é cicatrizar. Busque ajuda o quanto antes. Informação e tratamento correto podem salvar vidas.”

A clínica Dr. Curativos funciona no Edifício Ícone, na Avenida Getúlio Vargas, sala 1107, em Feira de Santana. O contato é (75) 99300-9473 e o Instagram oficial é @dr.curativos.