Comércio do Brasil com China e EUA bate recorde no 1º trimestre de 2025
Movimentação com os dois maiores parceiros comerciais cresceu em meio à escalada da guerra comercial entre Pequim e Washington
As correntes de comércio do Brasil com a China e com os Estados Unidos atingiram níveis recordes, em valores nominais, no primeiro trimestre de 2025, justamente no momento em que se intensifica a guerra comercial entre Pequim e Washington.
Entre janeiro e março, a corrente de comércio entre Brasil e China superou os US$ 38,8 bilhões. Desse total, US$ 19,8 bilhões correspondem a exportações brasileiras e US$ 19 bilhões a importações vindas do país asiático. A balança comercial permaneceu superavitária para o Brasil, apesar do expressivo aumento na entrada de produtos chineses no mercado nacional.
As importações brasileiras provenientes da China cresceram 35% no período. O principal destaque foi o grupo “Plataformas, embarcações e outras estruturas flutuantes”, que movimentou US$ 2,7 bilhões — valor significativamente superior aos cerca de US$ 4 milhões registrados no mesmo período de 2024.
Apesar do aumento geral das importações, o Brasil reduziu a dependência de alguns itens chineses. As compras de válvulas e tubos, por exemplo, caíram 77% em relação ao ano anterior.
Esse crescimento das importações chinesas é acompanhado de perto pelo governo federal, que teme um avanço ainda maior caso se intensifique o “tarifaço” imposto pelos Estados Unidos sob a gestão de Donald Trump. Com a redução temporária da demanda americana por produtos chineses, o Brasil pode se tornar um destino preferencial para o redirecionamento das exportações de Pequim.
A relação comercial com os Estados Unidos também alcançou um patamar inédito, chegando a US$ 20 bilhões no primeiro trimestre de um ano — o maior volume já registrado nesse período.
Entre janeiro e março de 2025, o Brasil exportou US$ 9,7 bilhões para os EUA e importou US$ 10,3 bilhões. O resultado representa um crescimento de 6,6% em relação ao mesmo intervalo de 2024. Apesar do aumento nas vendas, a balança comercial brasileira com os americanos manteve-se deficitária.
Seis dos dez principais produtos exportados para os Estados Unidos registraram crescimento. Os destaques foram:
- Sucos: +74,4%
- Óleos combustíveis: +42,1%
- Café não torrado: +34%
- Aeronaves: +14,9%
- Semiacabados de ferro ou aço: +14,5%
Nas importações, houve aumento em oito dos dez principais produtos adquiridos dos Estados Unidos. Entre os que mais cresceram estão:
- Óleos brutos de petróleo: +78,3%
- Medicamentos: +42,4%
- Motores e máquinas não elétricos: +42,3%
- Outros produtos farmacêuticos: +29,1%
- Óleos combustíveis: +9,4%
- Aeronaves: +8,1%