Economia

Carro elétrico é uma furada? Especialista analisa mercado e desafios da mobilidade elétrica no Brasil

O carro elétrico de hoje é uma versão em evolução do que se tornarão as alternativas de mobilidade no futuro

13/11/2024 09h51
Carro elétrico é uma furada? Especialista analisa mercado e desafios da mobilidade elétrica no Brasil
Foto: Arquivo pessoal

Se você gera a própria energia, utiliza para pequenos e médios deslocamentos urbanos diários, entende o carro como um bem em depreciação contínua e não o utiliza para viajar, o carro elétrico é uma excelente opção.

A questão do carro elétrico é inexorável. Ainda que a tendência de curto e médio prazos sejam modelos combinados de energia propulsora (híbrido), o carro elétrico de hoje é uma versão em evolução do que se tornarão as alternativas de mobilidade no futuro.

É um caminho sem retorno, mas ainda uma pequena ruptura diante de seu potencial nessa indústria, que nunca mais será a mesma. Ford, GM, VW, Nissan, Toyota, Stellantis etc. são as HP, Xerox, IBM, Nokia etc. Ou investem em novas tecnologias ou sofrerão com os ventos da inovação.

Nada mudará o ímpeto, a eficiência (não importa o custo) e a produtividade da indústria chinesa. Isso é bom? Não necessariamente! Depende de onde e de quem observa. No curto e médio prazo, estaremos cada vez mais dependentes da China. Isso significará apenas uma mudança de “patrão” para os países fora do eixo desenvolvido, em direção à dominação tecnológica dos chineses.

Sobre a desvalorização dos veículos elétricos, ela está concentrada em veículos de alto valor, o que ocorre inclusive com os carros à combustão.

A verdadeira revolução do carro elétrico ainda não chegou ao Brasil, porque o produto, em si, não é acessível em termos de preço. Em geral, carro zero não é acessível no Brasil, dado o acesso ao crédito e os custos de transação da indústria. O mercado de carro elétrico, hoje, é de veículos novos. Se não houver grande demanda nele, não derivará um bom mercado de usados, pelo menos por enquanto.

E o lobby das montadoras convencionais tem criado barreiras à entrada das empresas chinesas no Brasil.

Tornando o carro elétrico acessível e com algum grau de qualidade competitiva (o que já existe), com um preço de entrada menor do que o praticado hoje no mercado, veremos um aumento significativo de demanda, derivada da sensibilidade ao preço.

Mas essa formação de preço é tão complexa e manipulada quanto imprevisível, com muitos atores e interesses em jogo.

Livre mercado? Só para quem acredita em contos de fadas.

Por Carlos Eduardo Cardoso de Oliveira, especialista em Políticas Públicas e Gestão Governamental e professor adjunto da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS)

Comentários

Leia também

Economia
Levantamento da Cooperfeira indica que preço da arroba do boi teve leve queda no início da maio

Levantamento da Cooperfeira indica que preço da arroba do boi teve leve queda no início da maio

O valor caiu de R$ 300,00 para R$ 295,00, resultado da diminuição no consumo de carne...
Economia
Em decisão unânime, Copom eleva taxa Selic para 14,75% ao ano

Em decisão unânime, Copom eleva taxa Selic para 14,75% ao ano

Com o novo aumento, a taxa Selic atingiu o maior patamar desde julho de 2006
Economia
Lula aprova decisão e milhões de brasileiros terão descontos na tarifa da conta de energia

Lula aprova decisão e milhões de brasileiros terão descontos na tarifa da conta de energia

Com a assinatura do presidente, o texto vai precisar ser votado e aprovado pelo Congresso,...