O uso de canetas emagrecedoras tem ganhado cada vez mais espaço nas conversas sobre saúde e estética, mas o cardiologista Dr. Germano Lefundes faz um alerta importante: apesar de eficientes, essas medicações precisam ser utilizadas com responsabilidade, prescrição médica e atenção aos riscos. Em entrevista no Momento IDM Cardio, ele detalhou benefícios, indicações e cuidados necessários.

Logo no início, reforçou que o tema não deve ser tratado com superficialidade.

“A gente usa-se termos como canetas emagrecedoras, mas é preciso trazer a ideia real de que são medicações e precisam ser utilizadas da maneira adequada”, disse.

Muitos pacientes procuram as canetas focados apenas na perda de peso, mas Dr. Germano lembra que os efeitos vão muito além da estética.

“É preciso entender que são medicações muito seguras e que, do ponto de vista cardiovascular e metabólico, trazem uma melhora muito alta. Otimizam o controle da glicemia, ajudam no controle do colesterol e oferecem proteção renal e cardiovascular.”

Ele destaca ainda benefícios em uma condição cada vez mais comum.

“Temos resultados muito interessantes para a esteatose hepática, a gordura no fígado, para a qual não tínhamos tantos recursos.”

O cardiologista alerta sobre o uso incorreto, especialmente quando feito por estética imediata.

“Não deve ser usada como algo para perder peso rápido, porque você quer passar o Natal ou o Ano Novo mais magrinho. Isso é muito comum no consultório e é totalmente inadequado.”

Segundo ele, o tratamento é contínuo e exige acompanhamento profissional.

Mesmo com todo o avanço das medicações, Dr. Germano reforça que elas não substituem hábitos saudáveis.

“Apesar de ser um instrumento importante, não deve ser entendido como único. Precisamos fortalecer a prática de atividade física, a alimentação adequada, o sono e a gestão do estresse.”

Ele explica que o corpo possui mecanismos naturais que dificultam o emagrecimento e que a medicação ajuda a abrir uma “janela de oportunidade” para que o paciente consiga reorganizar o estilo de vida.

As canetas são indicadas para pessoas com obesidade (IMC acima de 30) ou sobrepeso com comorbidades, explica o médico.

“Nenhuma intervenção médica é isenta de riscos. A indicação sempre exige avaliação. Pacientes com IMC acima de 27,5 e comorbidades podem se beneficiar, mas é o médico quem deve definir.”

Ele destaca estudos que mostram melhora não apenas no peso, mas também em quadros como apneia do sono e doenças metabólicas.

O uso inadequado e a compra clandestina de substâncias preocupam o cardiologista, que relata ter visto situações alarmantes:

“O que eu vi em grupos de WhatsApp foi assustador. Pessoas injetando substâncias sem saber quem fabrica. Ampolas vendidas clandestinamente, sem garantia alguma. Isso oferece riscos enormes.”

Ele reforça: “O ideal é comprar na farmácia, em ambiente seguro. Não dá para confiar em atravessadores. Estamos falando de medicações de alta complexidade.”

Dr. Germano reforçou um alerta popular: “Cuidado com a laranja madura na beira da estrada. O barato pode sair caro. Assim como já vimos contaminação de alimentos, também existe risco de falsificação de medicamentos.”

Com a proximidade do fim do ano, o cardiologista incentivou reflexões sobre hábitos de vida.

“Mudanças de estilo de vida devem estar no planejamento de todo mundo. Não estamos falando só de coração, mas de proteger cérebro, pulmões, rins, musculatura. Envelhecer com qualidade depende das escolhas que fazemos hoje.”