Cardiologista explica os segredos das Blue Zones: como viver mais e melhor
Essas regiões, espalhadas por diferentes partes do mundo, abrigam populações com alta concentração de centenários, cujos segredos para uma vida longa e saudável são tema de estudos científicos e documentários.
O conceito de “Zonas Azuis” tem ganhado cada vez mais atenção quando o assunto é longevidade e qualidade de vida. Essas regiões, espalhadas por diferentes partes do mundo, abrigam populações com alta concentração de centenários, cujos segredos para uma vida longa e saudável são tema de estudos científicos e documentários.
O cardiologista Dr. Israel Reis destaca que o termo “Zonas Azuis” foi cunhado pelo jornalista Dan Buettner, que durante duas décadas investigou regiões onde as pessoas vivem por mais de cem anos.
“Buettner mapeou essas áreas e as identificou com a cor azul, daí o nome ‘Zonas Azuis’. Ele buscou entender as características dessas populações, apoiado em vários estudos científicos que já vinham sendo realizados”, explicou.
As Zonas Azuis estão localizadas em regiões geograficamente distintas: Nicoya, na Costa Rica; Ikaria, na Grécia; Sardenha, na Itália; Okinawa, no Japão; e Loma Linda, na Califórnia, EUA. Apesar das diferenças culturais, esses locais compartilham características que contribuem para a longevidade.
“Essas populações se movimentam muito ao longo do dia, mas não necessariamente através de exercícios estruturados. Em Okinawa, por exemplo, as pessoas cultivam suas hortas e têm móveis mínimos em casa, o que as obriga a se levantar e agachar frequentemente”, apontou o cardiologista.
Outro fator crucial é a alimentação. Embora as dietas variem entre as regiões, há um padrão comum: o consumo de alimentos frescos, preparados em casa, com baixa densidade calórica.
“Em Okinawa, a batata-doce é um dos alimentos mais consumidos, enquanto na Grécia, a dieta mediterrânea prevalece, com azeite, grãos e, ocasionalmente, vinho. Mas, mais importante que o que se come é o quanto se come. Nessas regiões, as pessoas tendem a comer até 80% da sua capacidade, evitando a obesidade, que é um problema de saúde pública em muitas partes do mundo”, explicou o médico.
A socialização também desempenha um papel essencial na longevidade dessas populações. O Dr. Israel destacou que em todas as Zonas Azuis há um forte senso de comunidade e respeito pelos idosos, que se mantêm ativos e integrados à vida familiar.
“Nessas comunidades, os idosos nunca se sentem sozinhos. Não há asilos; os idosos estão sempre inseridos na família e na comunidade, o que contribui significativamente para a saúde mental e física”, ressaltou.
A espiritualidade e a redução do estresse são outras características comuns. “Em todas essas regiões, as pessoas têm uma forte conexão espiritual, seja através da religião ou de práticas como a meditação. Isso ajuda a reduzir o estresse, que é um fator importante para a longevidade”, observou.
Ele ainda mencionou que, no Brasil, a cidade de Veranópolis, no Rio Grande do Sul, está sendo estudada para possível inclusão como uma Zona Azul, embora esse processo ainda leve tempo e exige uma análise criteriosa.
Ao final, Dr. Israel recomendou o documentário “Zonas Azuis: Como Viver Até os 100 Anos?”, disponível na Netflix, para quem deseja aprofundar seus conhecimentos sobre o assunto.
“Entender as características dessas comunidades pode nos ajudar a melhorar a nossa própria qualidade de vida e talvez até alcançar uma longevidade semelhante”, concluiu.