Cardiologista detalha quadro clínico que levou à morte de Papa Francisco
A insuficiência cardíaca pode estar relacionada às condições clínicas prévias, inclusive aos problemas pulmonares que Francisco já apresentava. Entenda o que é o AVC e a insuficiência cardíaca.
O mundo amanheceu de luto nesta segunda-feira (21) com a confirmação da morte do Papa Francisco, aos 88 anos, em Roma, às 7h35 da manhã (2h35 no horário de Brasília). Segundo comunicado oficial do Vaticano, o pontífice foi vítima de um acidente vascular cerebral (AVC) seguido de um quadro de insuficiência cardíaca irreversível.
Para explicar de forma clara as causas da morte e as condições clínicas que podem ter levado a esse desfecho, o programa De Olho na Cidade, da Rádio Sociedade News, conversou com o cardiologista Dr. Israel Reis, do IDM Cardio, que destacou o histórico de saúde já comprometido do Papa.
“Vamos lembrar que o Papa estava internado há mais de 30 dias tratando uma pneumonia. Era hipertenso, diabético tipo 2, ou seja, já vinha com uma saúde debilitada”, apontou o especialista. Segundo ele, a insuficiência cardíaca ocorre quando o coração se torna incapaz de manter suas funções vitais, como bombear sangue adequadamente para o corpo.
Dr. Israel também detalhou o que caracteriza um acidente vascular cerebral.
“O AVC pode ser isquêmico, quando há uma obstrução no fluxo sanguíneo, ou hemorrágico, quando há uma ruptura de um vaso. Nesse caso, é muito provável que tenha sido um AVC hemorrágico, porque o cérebro foi tomado de sangue, o que é uma emergência cirúrgica gravíssima”, explicou.
Ainda de acordo com o cardiologista, diversas condições podem levar a esse tipo de quadro em pacientes idosos e com comorbidades.
“Imagine um senhor de 88 anos, com vasos cerebrais frágeis, utilizando anticoagulantes. Um vaso pode romper e causar esse tipo de hemorragia cerebral. Além disso, infecções, como a pneumonia, podem agravar o quadro e favorecer a ruptura de aneurismas, por exemplo”, disse.
A surpresa do agravamento do quadro chamou a atenção, já que o Papa havia feito aparições públicas recentes durante a programação da Páscoa.
“São situações que realmente ocorrem de forma súbita e dramática. A pessoa pode estar falando normalmente e, de repente, perde a consciência, a fala, a força de um lado do corpo. É uma emergência em que cada minuto conta”, afirmou Dr. Israel.
O médico destacou ainda que, mesmo diante da gravidade do AVC, seria pouco provável que Francisco tivesse condições clínicas para enfrentar um procedimento cirúrgico.
“Ele era um paciente muito frágil, com múltiplas comorbidades. Apesar de haver relatos de coma após o AVC, ele não resistiu. O cérebro comanda todos os órgãos, e quando ele entra em falência, não há muito o que fazer se não houver uma intervenção imediata – o que, nesse caso, não foi possível”, explicou.
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