Saúde

Cardiologista defende a volta ao essencial da medicina: “Precisamos recuperar a humanidade no atendimento”

Dr. Israel destacou que até 70% das doenças podem ser identificadas a partir de uma boa anamnese e exame físico.

22/09/2025 06h34
Cardiologista defende a volta ao essencial da medicina: “Precisamos recuperar a humanidade no atendimento”

Em entrevista ao Momento IDM Cardio, o cardiologista Dr. Israel Reis fez um alerta sobre o rumo da prática médica, defendendo a valorização do contato direto entre médico e paciente em meio ao avanço da tecnologia e da inteligência artificial.

Segundo o especialista, a medicina tem se transformado em “números e gráficos”, deixando de lado o que considera fundamental: a escuta, o toque e o raciocínio clínico.

“Hoje é o tempo dos protocolos médicos, o tempo de fazer exames dos mais variados possíveis. Os pacientes vão virando números e a inteligência artificial ganha espaço. Mas a essência da medicina é o encontro entre médico e paciente”, ressaltou.

Dr. Israel destacou que até 70% das doenças podem ser identificadas a partir de uma boa anamnese e exame físico.

“Escutar bem o que o paciente diz, usar o estetoscópio, o toque, criar uma suspeita clínica… isso continua sendo medicina. Os exames são complementares, não substitutos.”

Ele critica a pressa em consultas e a prática de médicos que, segundo ele, já pedem exames antes mesmo de ouvir o paciente.

“Quanto mais rápida a consulta, maior a quantidade de exames. Quando o médico não tem tempo para raciocinar, ele pede tudo, porque não criou uma suspeita real.”

Para o cardiologista, a mudança também depende de quem busca atendimento.

“Teremos a medicina que a sociedade quer. Os pacientes precisam valorizar quem escuta, quem toca, quem dedica tempo de qualidade. Não dá para buscar só o mais barato. Uma consulta de qualidade exige tempo e preparo.”

Dr. Israel alerta ainda para a importância da prevenção.

“Doenças como o diabetes se desenvolvem anos antes do diagnóstico. Se tratarmos apenas a glicemia e não os hábitos, estaremos cuidando só de números e deixando de prevenir.”

O médico concluiu reforçando que a relação médico-paciente deve ser de confiança mútua.

“Se não definirmos qual medicina queremos, perderemos o que ela tem de mais valioso: a humanidade. É o encontro de duas pessoas em que uma se dedica a fazer o melhor pela outra.”

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