Saúde

Cardiologista alerta para uso correto de anticoagulantes e os riscos da automedicação

Avanços nos anticoagulantes trazem mais segurança, mas exigem acompanhamento médico

02/06/2025 12h40
Cardiologista alerta para uso correto de anticoagulantes e os riscos da automedicação
Foto: Isabel Bomfim

Os anticoagulantes desempenham um papel crucial na prevenção e tratamento de diversas condições cardíacas, especialmente na prevenção de eventos como o AVC isquêmico. Para explicar a importância desses medicamentos e os cuidados necessários ao utilizá-los, o cardiologista Dr. Sérgio Rocha participou do quadro Momento IDM Cardio, destacando o avanço dos tratamentos e a necessidade de acompanhamento médico rigoroso.

“Esses anticoagulantes são medicações muito importantes na prática clínica, não só do cardiologista, mas também de outras especialidades. Como o próprio nome já diz, ele serve para evitar que o sangue coagule dentro dos vasos sanguíneos. A grosso modo, ele faz com que o sangue fique mais fino, impedindo a formação de coágulos que poderiam obstruir artérias importantes”, explicou o médico.

Entre as condições mais associadas ao uso dos anticoagulantes, Dr. Sérgio destaca a fibrilação atrial.

“Essa arritmia faz com que o átrio do coração fique tremendo, sem bater com efetividade. O sangue passa com baixa velocidade e pode formar trombos dentro do coração. Esses coágulos podem seguir para o cérebro e causar um AVC isquêmico”, alerta.

De acordo com o especialista, nestes casos, o uso de anticoagulantes é essencial para evitar consequências graves como a incapacitação ou até mesmo a morte.

“Esses pacientes precisam ser acompanhados regularmente e, muitas vezes, utilizar a medicação por toda a vida. Só não indicamos quando o risco de sangramento é maior que o benefício, como em pacientes com histórico de sangramento cerebral, por exemplo.”

Dr. Sérgio também falou sobre a evolução dos anticoagulantes. “Antigamente, usávamos basicamente o Marevan, que exige exames semanais para monitorar o grau de afinação do sangue. Com o avanço da medicina, surgiram novos anticoagulantes que não necessitam de acompanhamento laboratorial tão frequente, oferecendo mais comodidade ao paciente. No entanto, nem todos podem utilizá-los. Pacientes com disfunção renal ou idosos exigem atenção especial na escolha do medicamento e ajuste da dose.”

Ele reforça que o uso deve ser individualizado. “Cada caso tem sua especificidade. Seja em casos de trombose na perna, infarto com formação de trombos no coração ou uso de válvulas mecânicas, o tipo e tempo de uso do anticoagulante pode variar de três meses a uso contínuo.”

O maior temor ao prescrever anticoagulantes é o risco de sangramento. “Se o paciente começar a sangrar pelo nariz, vomitar sangue ou tiver sonolência súbita, deve procurar uma emergência imediatamente. Esses podem ser sinais de sangramento potencializado pela medicação, inclusive no cérebro”, alertou Dr. Sérgio.

Outro desafio citado é a adesão ao tratamento, principalmente em função do custo.

“Antes da quebra da patente, muitos medicamentos custavam mais de R$ 300. Hoje, com os genéricos, o acesso melhorou. Mas como é uma medicação preventiva e não traz alívio imediato de sintomas, precisamos reforçar sempre a importância da continuidade do uso.”

O cardiologista reforçou duas recomendações essenciais:

  1. Para os profissionais de saúde: “Se você atender um paciente que usa anticoagulante, jamais suspenda a medicação sem entender o motivo da prescrição, mesmo que os exames no momento não apontem o problema.”
  2. Para os pacientes: “Nunca suspenda o anticoagulante por conta própria. O risco de complicações como AVC pode ser fatal. E quem usa Marevan deve manter controle rigoroso do INR (índice que mede a coagulação do sangue).”

Dr. Sérgio Rocha também abriu espaço para que os ouvintes possam interagir. “Essa pauta de hoje foi uma sugestão de uma paciente, e estou sempre aberto a novos temas. Quem quiser me acompanhar ou tirar dúvidas pode me seguir no Instagram: @drsergiorochacardio. Lá dou dicas de saúde e estou à disposição para sugestões.”

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