Cardeal brasileiro revela o que acontece entre a eleição e a primeira aparição do novo Papa
O cardeal detalha passo a passo o que ocorre após a fumaça branca que sai da Capela Sistina.
Em entrevista ao jornalista Jorge Biancchi, diretamente do Vaticano, Dom Raymundo Damasceno Assis, arcebispo emérito de Aparecida (SP) e cardeal mais velho do Brasil no Conclave, compartilhou bastidores do Conclave — o processo de escolha do novo Papa — e falou sobre a sua convivência com o Papa Francisco, além de revelar o que acontece depois da famosa fumaça branca que anuncia ao mundo: “Habemus Papam”.
Dom Raymundo, que já participou de diversos momentos históricos da Igreja, inclusive da eleição de Papa Francisco em 2013, descreve com emoção o instante em que o novo pontífice é escolhido: “É maravilhoso, poucos minutos depois da fumaça branca, a Praça de São Pedro está lotada, tomada pela emoção. A vibração, os gritos, os aplausos. É um momento que não se esquece.”
O cardeal detalha passo a passo o que ocorre após a fumaça branca que sai da Capela Sistina. Primeiro, o eleito é questionado se aceita o cargo. Se responder sim, é convidado a escolher o nome que utilizará como Papa.
“Ele então se paramenta, recebe os cumprimentos dos cardeais ainda dentro da Capela Sistina e aguarda o anúncio oficial ao mundo.”
Esse anúncio é feito pelo Cardeal Protodiácono, que surge na sacada da Basílica de São Pedro para declarar a célebre frase “Habemus Papam”, informando o nome do novo Papa e o nome que ele escolheu para seu pontificado. Pouco depois, o Papa aparece ao vivo para saudar a multidão — um momento de comoção global.
A revelação mais marcante da entrevista é o que acontece após esse momento: o isolamento do Papa de sua vida anterior.
“O cardeal que foi eleito não volta mais pra casa. O que ficou, ficou. Ele passa a viver no Vaticano. Não sai para passear, não vai a um restaurante com amigos. Como se diz, ele se torna um prisioneiro do Vaticano”, explica Dom Raymundo.
O destino dos pertences pessoais do novo Papa fica aos cuidados do arcebispo local, que irá decidir o que fazer com os objetos, documentos e tudo o que ficou em sua residência anterior.
Perguntado sobre a ausência do Papa Francisco em sua terra natal desde que foi eleito, Dom Raymundo, oferece uma resposta que une estratégia pastoral e humildade.
“Francisco deve ter pensado: ‘já estive tanto com meu povo, agora preciso ir àqueles que nunca me viram, nos países mais distantes, mais esquecidos’. Mas acredito que, se ele tivesse mais tempo, voltaria à Argentina. Ama sua pátria.”
Dom Raymundo falou sobre a possibilidade de um brasileiro — como Dom Sérgio da Rocha — ser eleito Papa.
“Se Dom Sérgio for eleito, certamente voltará à Bahia, mas não de imediato. Primeiro vem a missão, os desafios. A vida do Papa muda completamente. Ele precisa estruturar sua nova jornada, entender suas prioridades globais.”
*Com informações de Jorge Biancchi, direto da Itália