Saúde

Brasil enfrenta avanço no tabagismo e especialista pede reforço urgente nas políticas de controle

Aumento do tabagismo expõe fragilidade das políticas de controle e ameaça a saúde da população feminina e jovem

26/09/2025 10h26
Brasil enfrenta avanço no tabagismo e especialista pede reforço urgente nas políticas de controle
Foto: Reprodução/Secom

O Brasil voltou a registrar crescimento no número de fumantes, revertendo uma tendência de queda que vinha sendo observada há anos. De acordo com uma pesquisa da VIGITEL (Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico) divulgada pelo Ministério da Saúde, a proporção de adultos fumantes nas capitais brasileiras aumentou de 9,3% em 2023 para 11,6% em 2024, registrando um crescimento de 25% em apenas um ano.

A pneumologista Alana de Medeiros alerta que a situação é resultado da combinação de múltiplos fatores, como a diminuição da intensidade das políticas de controle, a fragilidade na fiscalização e o crescimento do comércio ilegal de cigarros eletrônicos, cuja prevalência subiu de 2,1% para 2,6%, mesmo com a venda proibida no país.

 “Além do comércio ilegal, vivemos um momento de estresse social que favorece recaídas e iniciações no hábito. Também há a propaganda disfarçada, principalmente dos cigarros eletrônicos com sabores adocicados e frutados, que seduzem sobretudo os jovens”, explica.

O aumento entre mulheres preocupa de forma especial. Neste grupo a taxa passou de 7,2% para 9,8%, representando um crescimento de 36%. De acordo com a pneumologista, o tabagismo tem impacto direto na saúde reprodutiva, além de elevar os riscos de câncer de pulmão e de doenças respiratórias, como a Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC).

Já os cigarros eletrônicos representam uma ameaça dupla: além dos danos respiratórios, funcionam como porta de entrada para outras drogas. “Esses dispositivos podem provocar lesões graves, como o EVALI, uma inflamação pulmonar severa. Há também riscos de explosões, intoxicação por ingestão dos líquidos e efeitos que ainda não conseguimos dimensionar completamente”, alerta.

Para reverter esse cenário, Dra. Alana defende a retomada vigorosa das campanhas antitabagismo, direcionadas a públicos estratégicos como mulheres, jovens e pessoas que buscam parar de fumar. Ela destaca a necessidade de oferecer apoio psicológico e medicação adequada no Sistema Único de Saúde (SUS), além de ampliar o acesso aos programas de cessação do tabagismo.

“Só assim será possível frear o número de novos fumantes e prevenir danos futuros à saúde da população”, conclui.

JP Miranda/ De Olho na Cidade

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