Bahia fortalece integração entre agricultura familiar e merenda escolar com oficina estadual em Feira de Santana
Evento reúne representantes dos 417 municípios e aponta caminhos para ampliar a presença de alimentos saudáveis da agricultura familiar na rede pública de ensino
Nesta sexta-feira (30), o Centro de Convenções de Feira de Santana sedia a Oficina Estadual do PNAE (Programa Nacional de Alimentação Escolar), reunindo representantes dos 417 municípios baianos, além de gestores estaduais, cooperativas, agroindústrias familiares e especialistas da área. O objetivo é fortalecer a integração entre a agricultura familiar e a alimentação escolar, buscando ampliar a oferta de alimentos saudáveis e produzidos localmente nas escolas da rede pública.
Promovido pelo Governo do Estado, por meio da CAR/SDR (Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional) e da Secretaria da Educação, o evento conta com a parceria da UNICAFES, da UPB (União dos Municípios da Bahia) e da FEC Bahia.
Para a secretária estadual da Educação, Rowenna dos Santos Brito, a oficina representa uma oportunidade concreta de alinhar ações com foco na segurança alimentar dos estudantes e na valorização da produção local.
“É uma alegria estarmos aqui reunidos com secretarias municipais, cooperativas e a CAR para debater uma alimentação escolar saudável e fortalecida pela agricultura familiar. Queremos aproximar cada vez mais os produtores das nossas escolas. O Estado já investe cerca de R$ 500 milhões na alimentação escolar da rede estadual, e nosso objetivo é ampliar ainda mais a participação da agricultura familiar nesse processo”, afirmou Rowenna.
Ela destacou que, além de fortalecer o campo e a economia local, o investimento em alimentação saudável impacta diretamente no desempenho e bem-estar dos estudantes, sobretudo com a ampliação da jornada escolar em tempo integral.
“É muito bom ver nossos alunos tomando café com cuscuz, sabendo que vem de um produtor da nossa terra. Isso garante qualidade, segurança alimentar e respeito à nossa cultura alimentar”, completou.
Segundo Jeandro Ribeiro, diretor-presidente da CAR, o encontro tem caráter prático, com orientações e exemplos bem-sucedidos para gestores municipais.
“Estamos reunindo representantes das escolas estaduais e municipais, além das cooperativas da agricultura familiar, para mostrar o potencial de mais de seis mil produtos disponíveis, com qualidade, para abastecer as escolas. O foco é unir quem produz com quem consome, de forma organizada e eficiente”, explicou.
Ele citou casos de sucesso como o do município de Capim Grosso, que já abastece suas escolas com produtos locais, e destacou o papel das agroindústrias construídas pelo estado em diversos municípios, como a comunidade Matinha dos Pretos, em Feira de Santana, que fornece polpas de frutas.
O presidente do sistema UNICAFES Bahia, Ícaro Rennê, também participou da oficina e ressaltou a capacidade da agricultura familiar em atender integralmente a demanda da alimentação escolar.
“A agricultura familiar baiana tem potencial não só para atender os 30% mínimos exigidos por lei, mas chegar aos 100%. Nosso desafio é desmistificar os processos de compra pública e facilitar essa interação entre quem produz e quem compra”, pontuou Ícaro.
Segundo ele, as rodadas de diálogo anteriores com escolas e prefeituras já têm gerado resultados, com crescimento expressivo da comercialização dos produtos das cooperativas.
“Neste ano, já ultrapassamos 50% da alimentação escolar vinda da agricultura familiar, e vamos avançar ainda mais”, disse.
A nutricionista Fabiana Alves Almeida de Carvalho, da rede pública de Lençóis, compartilhou a experiência do município, onde cerca de 45% da alimentação escolar já é oriunda da agricultura familiar.
“Temos uma relação direta com os agricultores locais, realizamos reuniões frequentes e recebemos os alimentos diretamente nas escolas. Isso garante frescor, qualidade e uma conexão valiosa entre a comunidade e a escola”, comentou.
*Com informações da repórter Isabel Bomfim