Autuações na BR-324 representam 90% das multas por uso de celular ao volante na Bahia; Especialista alerta para falta de educação para o trânsito
Esse número alarmante representa um crescimento superior a 500% nas infrações, destacando uma tendência preocupante no comportamento dos motoristas.
O aumento das autuações de trânsito nas rodovias federais da Bahia, especialmente na BR-324, tem gerado preocupações e debates. Recentemente, foi divulgado que 90% das multas por uso de telefone celular ao volante em todo o estado foram registradas nesse trecho, que liga Feira de Santana a Salvador. Esse número alarmante representa um crescimento superior a 500% nas infrações, destacando uma tendência preocupante no comportamento dos motoristas.
Em entrevista programa Jornal do Meio Dia, na rádio Princesa FM, Bruno Sobral, advogado especialista em Direito de trânsito, expressou sua insatisfação com o enfoque das autoridades na fiscalização e arrecadação, sem a devida atenção à educação para o trânsito e melhorias na infraestrutura.
“Infelizmente, estamos sempre falando sobre trânsito na perspectiva de fiscalização, sem abordar a educação ou a engenharia de tráfego. A BR-324, por exemplo, precisa urgentemente de melhorias, mas isso não é priorizado”, afirmou.
Bruno Sobral ressaltou a disparidade na distribuição das autuações, questionando a efetividade da fiscalização: “Como pode 90% das autuações em todo o estado serem concentradas em um único trecho da BR-324? Isso indica que a fiscalização não está surtindo o efeito desejado. A PRF parece estar focada em arrecadar, sem realmente resolver os problemas que afetam a segurança no trânsito.”
O advogado também criticou a ausência de um componente pedagógico na abordagem das infrações. Segundo ele, a falta de interação direta entre os agentes de trânsito e os motoristas compromete a educação no trânsito.
“O fato de não haver uma abordagem no momento da infração faz com que o motorista não perceba a gravidade de seus atos. Quando ele recebe a multa em casa, dias ou meses depois, já é tarde demais para uma conscientização efetiva.”
Dados da própria Polícia Rodoviária Federal (PRF) indicam que, além do uso do celular ao volante, a falta do uso do cinto de segurança é outra infração que disparou, com um aumento de 700%. Bruno Sobral considera essa situação um reflexo da falta de priorização da educação para o trânsito por parte das autoridades.
“O código de trânsito deve ser interpretado de forma equilibrada, e a educação deveria ser uma prioridade. No entanto, o que vemos é uma fiscalização intensiva, que se assemelha a uma produção em massa de autuações, sem o devido foco na prevenção e educação”, criticou o especialista.
Por fim, Bruno Sobral desafiou as autoridades a repensarem suas estratégias, enfatizando que o ciclo vicioso de autuações sem educação para o trânsito é prejudicial para a segurança nas rodovias:
“Precisamos de uma PRF que não só multe, mas que também eduque. Arrecadar milhões com multas não resolve o problema, apenas perpetua um sistema falho e perigoso.”