Aumento de casos de SRAG por Covid-19 preocupa especialistas: baixa vacinação infantil é um dos fatores
Infectologista alerta que baixa adesão à vacinação infantil e circulação de variantes elevam risco de formas graves da doença.
A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) divulgou, no dia 28 de agosto, o Boletim InfoGripe, apontando um crescimento de casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) por Covid-19 no Rio de Janeiro, Ceará, Amazonas e Paraíba. Na Bahia, o número de casos pôs as autoridades sanitárias em estado de alerta, mesmo sem gerar grandes impactos nas hospitalizações pela doença.
A SRAG é uma condição caracterizada por uma infecção respiratória severa, que ocasiona em dificuldade para respirar e lesões nos pequenos sacos de ar nos pulmões responsáveis pelas trocas gasosas, podendo ser causada por diferentes tipos de vírus que atacam o trato respiratório. Segundo o infectologista Igo Araújo, a situação é resultado de um conjunto de fatores, entre eles a baixa cobertura vacinal, especialmente no público infantil.
“Temos percebido esse aumento em alguns estados, inclusive na nossa região. Apesar de o coronavírus não apresentar a mesma sazonalidade típica da gripe ou da bronquiolite, o período de maior circulação viral somado à vacinação insuficiente contribui para esse cenário”, explica o médico.
Araújo destaca a vulnerabilidade das crianças menores de cinco anos, público que possui recomendação de imunização contra a Covid-19, mas que ainda enfrenta resistência de muitos pais. “Infelizmente, ainda não existe o hábito de vacinar os pequenos. Isso dá margem para a circulação de variantes e aumenta o risco de casos graves entre grupos de maior fragilidade, como crianças, idosos e pessoas com doenças crônicas”, afirma.
O especialista reforça que a vacinação continua sendo a principal ferramenta de proteção. “Toda doença prevenível com vacina deve ser combatida dessa forma. Do contrário, damos espaço para que vírus que estavam em baixa circulação retornem com maior agressividade”, observa.
Além da Covid-19, outras doenças respiratórias graves também preocupam, mas contam com vacinas eficazes, como as causadas pelo vírus influenza e a bronquiolite, cujo imunizante já está sendo incorporado pelo SUS para gestantes e crianças menores de um ano.
JP Miranda/ De Olho na Cidade