Uma audiência pública realizada na Câmara Municipal de Feira de Santana nesta quinta-feira (24) reuniu representantes das forças de segurança, do Legislativo e da sociedade civil para discutir estratégias de enfrentamento à violência no município. Entre os principais temas abordados estiveram a integração das polícias, a vulnerabilidade em residenciais do programa Minha Casa Minha Vida, os furtos em festas populares e o papel da comunidade na construção de uma cidade mais segura.

O delegado Yves Correia, coordenador da Polícia Civil, destacou a importância da integração entre os órgãos de segurança e ressaltou os avanços obtidos nos índices de criminalidade, especialmente os homicídios (CVLI).

“A gente percebe uma evolução constante aqui dos índices de criminalidade em Feira de Santana, sobretudo no que tange ao CVLI. Fevereiro e março foram meses com recordes de redução nos últimos 15, 20 anos, o que mostra que o trabalho está surtindo efeito”, afirmou.

Apesar disso, Dr. Yves alertou para a influência do tráfico de drogas na entrada de jovens para a criminalidade, fator que também impulsiona roubos, furtos e outros delitos. Ele reforçou o valor da audiência pública para promover um diálogo necessário entre os diversos setores da sociedade.

Sobre os frequentes furtos de celulares em festas como a Micareta, o delegado orientou os cidadãos:

“É fundamental ter cuidado com o celular. Existem grupos criminosos especializados nesses furtos, inclusive em festas privadas. É importante registrar boletim de ocorrência e fornecer o IMEI para que possamos tentar recuperar o aparelho.”

O tenente-coronel Muller, comandante do CPR-L, abordou a complexidade dos problemas enfrentados em alguns conjuntos habitacionais do programa Minha Casa Minha Vida.

“Não se trata de marginalizar os conjuntos habitacionais, mas é fato que em alguns deles, especialmente onde não há associação de moradores atuante, há problemas graves. É preciso que o poder público – municipal, estadual e federal – intervenha para restaurar a paz nessas comunidades.”

Ele também destacou a importância de manter o trabalho integrado durante todo o ano, e não apenas em períodos festivos:

“Precisamos integrar toda a sociedade – associações de bairro, universidades, o poder público – para que os resultados na segurança pública sejam duradouros.”

O oficial aproveitou para elogiar o trabalho da 64ª Companhia Independente de Polícia Militar na região da estação rodoviária, mas advertiu que o local ainda demanda intervenções mais profundas de infraestrutura.

Questionado sobre o respeito mútuo entre policiais e a população, o comandante destacou a necessidade de qualificação constante das tropas:

“Temos trabalhado na qualificação e conscientização sobre o equilíbrio emocional. Esses conflitos não são exclusividade do Brasil e indicam que algo precisa ser repensado na relação entre a sociedade e suas forças de segurança.”

O presidente da Câmara, vereador Marcos Lima, reforçou a importância da audiência pública e se comprometeu com a continuidade de ações voltadas à segurança.

“Infelizmente, Feira de Santana ainda figura entre as cidades mais violentas da Bahia. A Polícia Militar tem feito sua parte, mas nós, como representantes da sociedade, também temos que agir. Criamos uma Frente Parlamentar de Segurança Pública e vamos continuar provocando esses debates.”

Marcos Lima também defendeu a ampliação da participação de instituições como o Ministério Público e o Judiciário nas próximas audiências, bem como o envolvimento efetivo da população:

“O cidadão precisa ser ouvido. Ele sente dores que nem nós, vereadores, nem mesmo os policiais, sentimos. É ouvindo essas vozes que construiremos soluções reais.”

*Com informações da repórter Isabel Bomfim