“Atividade física na terceira idade reduz riscos e melhora bem-estar”, afirma cardiologista
A atividade física na terceira idade é mais do que um cuidado com a saúde; é um investimento na qualidade de vida e na independência.
Com o avanço da idade, manter-se fisicamente ativo torna-se ainda mais essencial, não apenas para a saúde do coração, mas para o bem-estar geral dos idosos. Em entrevista ao quadro Momento IDM Cardio, o cardiologista Dr. Cláudio Rocha destacou a importância dos exercícios físicos para a manutenção da autonomia na terceira idade.
“Atividade física é um fator essencial para que o idoso tenha sua independência e não dependa de outras pessoas, que é o que todos desejam”, explicou o médico. Segundo ele, pesquisas comprovam que a prática regular de exercícios reduz o risco cardiovascular, mas os benefícios vão muito além disso.
Os exercícios físicos contribuem para o fortalecimento muscular, flexibilidade, melhora do equilíbrio e capacidade respiratória.
“Isso impacta diretamente na redução de quedas, que é uma das principais causas de morte entre idosos, além de melhorar a osteoporose e a locomoção”, pontuou Dr. Cláudio Rocha.
Um estudo realizado em 2017 com idosos acima de 80 anos revelou que aqueles que começaram a praticar atividade física tardiamente apresentaram uma melhora significativa na qualidade de vida.
“Não estou falando apenas de doenças cardiovasculares, mas da qualidade de vida como um todo”, afirmou o especialista. “O idoso que se exercita tem mais autonomia, participa mais da sociedade e pode viajar ou sair sem depender de terceiros”.
O médico enfatizou que a melhor atividade física é aquela que o idoso gosta e pode praticar regularmente. Exercícios que envolvam força muscular, flexibilidade, equilíbrio e capacidade respiratória são altamente recomendados. “Uma simples caminhada associada ao pilates já contempla todos esses aspectos”, sugeriu.
Quanto ao tempo necessário, ele reforçou que qualquer movimento conta. “As diretrizes da Sociedade Europeia de Cardiologia de 2024 afirmam que cada passo faz diferença. Se um idoso sedentário começar com apenas dez minutos de atividade por dia, isso já trará benefícios”. Ele ainda lançou um desafio aos idosos que nunca se exercitaram: “Experimente por sessenta dias, três vezes por semana, e veja a diferença antes e depois. Você não vai querer parar”.
Um dos mitos mais comuns é que existe um limite de idade para iniciar a prática de exercícios. “Tenho pacientes com 104 anos que ainda trabalham e estão ativos. O trabalho também é um fator essencial para a saúde psicológica do idoso”, revelou Dr. Cláudio Rocha.
Outro ponto levantado foi o uso excessivo de suplementos. “Vejo muitos idosos tomando ômega 3 e outras fórmulas sem comprovação científica. Prefira investir em atividade física em vez de suplementos sem indicação médica”, alertou.
Antes de iniciar qualquer prática esportiva, é fundamental passar por uma avaliação com um cardiologista.
“Um simples eletrocardiograma já é suficiente para liberar atividades de baixo impacto, como caminhada e pilates”, disse o cardiologista. Para idosos que desejam praticar exercícios mais intensos, como musculação e corrida, exames mais detalhados podem ser necessários.
O médico também destacou a importância do apoio familiar. “Muitos familiares tentam afastar os idosos do trabalho e da atividade física por medo de que se machuquem, mas isso pode ser prejudicial. O trabalho e a movimentação proporcionam bem-estar físico e mental”, afirmou.
Para aqueles que têm dificuldades em sair de casa, ele recomendou alternativas como bicicletas ergométricas portáteis e pesos leves. “O importante é manter-se ativo, mesmo dentro de casa”.
Para quem nunca praticou atividades físicas, Dr. Cláudio Rocha deixou uma dica: “Veja o que você faz hoje e experimente incluir uma atividade por sessenta dias. Compare o antes e depois, e veja como sua vida mudará para melhor”.