Durante participação no Jornal do Meio Dia, da Rádio Princesa FM, os analistas políticos Ricardo Bomtrigo e Amarildo Gomes comentaram os resultados da mais recente pesquisa eleitoral para a Presidência da República, que mostra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em posição de vantagem, mas ainda sem alcançar os 50% de intenção de votos.

O comentarista Ricardo Bomtrigo destacou que o levantamento revela não apenas a liderança de Lula, mas também os desafios que o presidente enfrenta.

“A pesquisa mostra um quadro favorável para o presidente Lula, mas também evidencia uma forte rejeição. Apesar de estar à frente de Ciro, Bolsonaro, Michelle, Ratinho e outros possíveis candidatos, ele não consegue ultrapassar a barreira dos 48% dos votos. Isso indica que ainda precisa trabalhar para reduzir essa rejeição”, analisou.

Bomtrigo ressaltou que o cenário eleitoral segue dividido entre direita e esquerda e que um nome de centro-direita pode ganhar força ao longo do tempo.

“O país está bastante polarizado. Se surgir um candidato com bom trânsito nesse campo mais ao centro, pode haver um crescimento expressivo. Nomes como Ronaldo Caiado têm mostrado articulação e podem ser alternativas competitivas”, observou.

Questionado sobre a possibilidade de Tarcísio de Freitas disputar a Presidência, Bomtrigo avaliou que o atual governador de São Paulo deve manter-se no cargo.

“Tarcísio era muito ligado ao bolsonarismo, que vem perdendo força. Ele não deve arriscar uma eleição presidencial tendo grandes chances de reeleição em São Paulo”, afirmou.

Outros nomes como Ratinho Júnior e Ciro Gomes também foram citados.

“Ratinho Júnior tem um eleitorado consolidado no Sul, mas ainda precisa ganhar visibilidade nacional. Já Ciro é o candidato com maior capilaridade, por conseguir dialogar tanto com o centro quanto com setores da esquerda e da direita”, completou.

O economista Amarildo Gomes também analisou os dados da pesquisa, apontando fatores recentes que reforçaram o desempenho do governo federal.

“O cenário colocou Lula em uma situação melhor por conta da questão tarifária e da isenção do imposto de renda para quem ganha até R$ 5 mil. Essas medidas favoreceram o governo e ajudaram a atrair parte da classe média que estava indecisa”, explicou.

Ela também destacou que o governo tem se beneficiado do contraste com os movimentos da oposição.

“Atitudes como as do deputado Eduardo Bolsonaro nos Estados Unidos acabam prejudicando a imagem da direita e fortalecendo o presidente. Mas é importante lembrar que ainda vivemos um cenário polarizado: cerca de 50% de um lado e 50% do outro”, avaliou Amarildo.

Apesar da vantagem momentânea, Amarildo alerta que o equilíbrio entre as forças políticas pode mudar até o período eleitoral.

“O governo Lula se beneficia por estar no poder e controlar a máquina pública, mas isso pode se alterar conforme o candidato de oposição se consolide. O eleitorado de direita não vota no PT, e se houver união em torno de um nome forte, a disputa será equilibrada”, afirmou.

Amarildo ponderou ainda que, embora o Nordeste mantenha uma forte preferência pelo PT, o apoio do chamado centrão pode se tornar instável.

“A tendência é que parte dos partidos do centrão não siga com o governo, como já vimos em recentes votações no Congresso. Se isso se confirmar, o governo pode perder sustentação política e ver o cenário mudar”, concluiu.