Economia

Advogado especialista em agronegócio explica os desafios da alta do preço do café no Brasil

O preço do café chegou a uma alta de 39% nos últimos 12 meses, segundo dados do IBGE, e atualmente o quilo do café está acima dos R$ 50.

09/02/2025 10h03
Advogado especialista em agronegócio explica os desafios da alta do preço do café no Brasil
Foto: Divulgação/SDR/CAR

A alta nos preços do café tem gerado preocupação entre os consumidores e reflexões sobre a sustentabilidade do setor cafeeiro no Brasil. O advogado especialista em agronegócio, Dr. Carlos Benjamin, explicou os fatores que estão influenciando o aumento do produto, com destaque para os desafios enfrentados pelos produtores e as possíveis soluções para amenizar os impactos no bolso do consumidor.

Dr. Carlos iniciou a conversa destacando que o Brasil é o maior produtor e o segundo maior consumidor de café do mundo, com uma produção de café que é referência mundial.

“Hoje, o Brasil não só é o maior produtor de café, como também é o maior exportador. O aumento no preço do café é reflexo de vários fatores, como a quebra de safra nos últimos anos em diversos países produtores, inclusive o Brasil, e o aumento do dólar, que favorece as exportações”, afirmou.

O especialista explicou que a crise do café se intensifica devido a uma série de adversidades climáticas que afetaram a safra, especialmente nos últimos quatro anos.

“Para o café prosperar, ele precisa de condições climáticas adequadas e com as mudanças no clima, outros países produtores também enfrentaram dificuldades semelhantes, o que resultou em uma redução global na produção”, detalhou.

O preço do café chegou a uma alta de 39% nos últimos 12 meses, segundo dados do IBGE, e atualmente o quilo do café está acima dos R$ 50. Dr. Carlos não considera o aumento um absurdo, mas sim uma correção após anos de prejuízos acumulados pelos produtores.

“Esta é a maior alta em 50 anos, mas devemos entender que o setor cafeeiro tem enfrentado dificuldades financeiras, principalmente pela quebra de safra. O preço está se ajustando para recuperar os prejuízos acumulados durante esse período”, explicou.

A falta de café no mercado interno também foi um tema abordado na entrevista. Dr. Carlos mencionou que, embora o Brasil consuma cerca de 20 milhões de sacas de café anualmente, o país tem enfrentado dificuldades para suprir a demanda interna devido à redução da produção.

“O governo federal poderia intervir, oferecendo linhas de crédito mais favorecidas para os produtores, o que ajudaria a aumentar a produção e, consequentemente, reduzir o impacto no preço final do café”, sugeriu.

Outro ponto abordado foi a exportação do café. O produtor brasileiro, afetado pela crise financeira dos últimos anos, tem priorizado a exportação do produto devido ao câmbio favorável.

“Não é uma questão de preferir exportar, mas sim de uma questão de oferta e demanda. O aumento das exportações é uma forma de mitigar as perdas financeiras do produtor”, afirmou Dr. Carlos.

Durante a entrevista, também foi discutida a possibilidade de intervenção do governo para ajudar a estabilizar os preços do café. O especialista sugere que, além de oferecer crédito com melhores condições, o governo poderia reduzir os impostos sobre a produção de café.

“O produtor rural tem enfrentado dificuldades imensas, com altos custos de insumos, combustíveis e encargos bancários. A redução de impostos poderia ajudar a aliviar esses custos e, possivelmente, diminuir o preço do café no mercado interno”, afirmou.

Em relação à previsão de preços para o próximo ano, Dr. Carlos Benjamin indicou que espera uma estabilização a partir de março e uma possível redução no preço do café a partir de maio, com a chegada da safra de cafés Conilon e Arábica.

“O café do Brasil é mundialmente reconhecido pela sua qualidade e sustentabilidade. Precisamos valorizar o produtor e oferecer condições para que ele continue produzindo com qualidade, sem ser penalizado por fatores externos”, concluiu.

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