Abril Verde: Cerest observa a invisibilidade do trabalhador informal
Notificações são essenciais para identificar os principais riscos à saúde e à segurança dos trabalhadores
Em 2024, o Centro de Referência em Saúde do Trabalhador (Cerest) notificou 750 ocorrências relacionadas a acidentes de trabalho. Nos três primeiros meses deste ano já foram cadastrados 36 ocorrências, enquanto que em igual período do ano passado foram 184.
Embora os dados indiquem uma queda, o órgão esclarece que a notificação entra como estatística após a finalização de todo o levantamento e fechamento do nexo do acidente. Portanto, é necessário a investigação, inspeção, emissão de relatórios e análise das documentações para que a ocorrência do acidente de trabalho entre para o sistema.
Neste mês de conscientização voltada à prevenção de acidentes e de doenças no ambiente de trabalho, o movimento Abril Verde, a coordenadora do Cerest, Valdenice Queiroz, chama a atenção para a importância das notificações como ferramenta essencial para identificar os principais riscos à saúde e à segurança dos trabalhadores, além de permitir a atuação do órgão.
“As notificações são indispensáveis para o planejamento de ações integradas da rede de serviços do SUS em atenção à saúde do trabalhador”, afirma. Entre as ocorrências registradas no Cerest metade delas está relacionada a situações de violência e ao trânsito. Já os acidentes que acontecem na construção civil representam 1/3 das mortes.
Valdenice Queiroz destaca que o Cerest atende também a 27 municípios que compõem microrregião, onde atua com ações de capacitação, notificações e inspeções. “As ações e o acolhimento ao trabalhador são levados a outras cidades que compõem a microrregião”, diz.
INVISIBILIDADE NO TRABALHO INFORMAL
A coordenadora da Vigilância Epidemiológica, Verena Leal, órgão ao qual o Cerest é vinculado pela Secretaria Municipal de Saúde, observa um aumento considerável de pessoas com problemas relacionados à saúde mental. “Muitas vezes atribuídas a sobrecargas no ambiente de trabalho”, diz.
Ela ainda destaca a invisibilidade e vulnerabilidade do trabalhador informal, pontuando as atividades exercidas pelos motoristas por aplicativos e os motociclistas.
“Nos preocupa muito o número de trabalhadores adoecidos e mais ainda as altas incidências de mulheres que estão adoecendo”, salienta. Verena Leal também observa que ainda há muitos casos de trabalhadores diagnosticados com LER (Lesões por Esforços Repetitivos), outros por intoxicação provocada por agrotóxico, doenças pulmonares devido a exposição à poeira e dermatoses, mas que não chegam a ser notificados.
“A gente observa que o adoecimento no ambiente de trabalho ainda é obscuro, por mais ações que o Cerest realize no sentindo de as pessoas procurarem os serviços e órgãos de saúde para relatar o problema”, afirma.
PROGRAMAÇÃO
Durante este mês, o Cerest vai intensificar as ações educativas e de conscientização quanto a prevenção de acidentes de trabalho e doenças ocupacionais.
Entre as atividades já previstas uma ação, no dia 25, no posto da Polícia Rodoviária Federal (BR 116), das 8h às 13h, promovida pela SMS através da Atenção Básica.
Neste dia haverá vacinação, testes rápidos para sífilis, hepatites [B e C] e HIV, além de aferição da pressão arterial para caminhoneiros e demais trabalhadores que transitam nas rodovias.
O objetivo é sensibilizá-los sobre a importância de adotar práticas seguras e saudáveis no dia a dia laboral.
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