“A luta antirracista é histórica e precisa ser continuada”, destaca estudante de direito
A luta antirracista, como lembrou Anderson Lopes, é uma jornada coletiva que requer o esforço de todos para construir uma sociedade mais justa e inclusiva.
Em uma conversa reflexiva, Anderson Lopes Gomes, estudante do 7º semestre de Direito e monitor de Direito Penal, abordou a importância do Dia da Consciência Negra e as questões relacionadas à luta antirracista no Brasil. Anderson destacou que, pela primeira vez, a data é celebrada como feriado nacional, o que marca um passo importante na valorização das lutas históricas da população negra.
“O Dia da Consciência Negra é o reflexo de lutas de muitos anos. É uma homenagem ao Zumbi dos Palmares e mostra a importância dessa data para toda a sociedade. Apesar de caminharmos a passos curtos, o fato de ser um feriado nacional é um sinal de avanço”.
O que significa ser antirracista?
Durante a entrevista, Anderson definiu o antirracismo como uma postura de empatia e compromisso com a luta contra as desigualdades impostas pela sociedade.
“Ser antirracista é ser amoroso e empático. É reconhecer que existem pessoas segregadas e buscar ajudar a enfrentar o preconceito e a diferenciação que ainda existem por conta da cor da pele”.
Ele também refletiu sobre as raízes históricas da segregação racial. “O racismo foi construído como ideologia por estudos do século XVII e XVIII, usados para justificar a inferiorização da população negra pelo homem branco europeu. Isso gerou estruturas como o racismo estrutural e cultural, que ainda hoje afetam a sociedade”.
Anderson defendeu as cotas raciais como uma medida necessária para corrigir desigualdades históricas.
“A cota é essencial para abrir espaços antes monopolizados por pessoas brancas e privilegiadas. Infelizmente, ainda não vivemos em uma sociedade igualitária, e as cotas ajudam a promover representatividade em áreas mais elitizadas e estratégicas”.
Ele também pontuou a importância de aumentar a representatividade negra em diversos espaços.
“Hoje vemos mais pessoas negras ocupando posições de destaque, como no futebol, com o Vinícius Júnior, ou em algumas escolas. Mas ainda é pouco. Precisamos de mais representatividade para inspirar jovens negros. O exemplo do Joaquim Barbosa, único negro a ser ministro do STF, foi marcante, mas atualmente não temos essa presença no tribunal”.
Anderson recomendou o livro Direito Antirracista, de Fernanda Alves Pereira, que aborda as ações afirmativas como instrumento para fortalecer políticas públicas que promovam a igualdade.
“Ações positivas não se limitam às leis; envolvem também melhorias em comunidades e periferias. A sociedade deve ser empática e ajudar na transformação da realidade dessas pessoas”.