Brasil

A corrida pela privacidade e a LGPD

Dia Internacional da Proteção de Dados reforça a necessidade de proteger as informações de ameaças digitais crescentes.

28/01/2025 08h41
A corrida pela privacidade e a LGPD

Em 2025, a proteção de dados tornou-se um dos maiores desafios no Brasil devido à crescente digitalização e à hiperconectividade. O fortalecimento da Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD) como órgão fiscalizador e regulador tem sido um ponto de destaque, exigindo maior comprometimento das organizações com a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD).

Contudo, o amadurecimento das fiscalizações ainda enfrenta desafios, especialmente em setores sensíveis como saúde, educação e serviços financeiros.

A adoção de tecnologias emergentes, como a inteligência artificial (IA), também adiciona uma camada de complexidade à proteção de dados. Se, por um lado, a IA oferece soluções inovadoras para a análise e segurança da informação, por outro, levanta preocupações sobre o uso ético e transparente dos dados coletados.

O ritmo acelerado das inovações também pressiona as organizações a se prepararem para um ambiente digital que evolui em ritmo constante.

As preocupações com a proteção de dados são reforçadas por um levantamento recente da Associação de Defesa de Dados Pessoais e do Consumidor (ADDP), que revelou que o número de crimes digitais praticados em 2024 cresceu 45% em relação ao ano anterior, somando cerca de 5 milhões de fraudes.

Estatísticas mostram que um em cada quatro brasileiros sofreu alguma tentativa de golpe, e cerca de metade dessas pessoas acabou se tornando vítima.

Para especialistas, é fundamental que as empresas estabeleçam diretrizes claras sobre como as informações serão tratadas, garantindo que a tecnologia respeite a privacidade e os direitos dos titulares dos dados.

Outro grande desafio está na adaptação das pequenas e médias empresas (PMEs) à LGPD. Apesar de representarem 99% dos negócios brasileiros, segundo dados do Sebrae, muitas PMEs ainda não dispõem de recursos financeiros e estruturais para implementar medidas de conformidade.

“As empresas precisam enxergar a proteção de dados não apenas como uma exigência legal, mas como um valor que agrega credibilidade ao relacionamento com clientes. A LGPD trouxe uma nova era para a gestão de dados no Brasil e as empresas precisam estar preparadas para lidar com as constantes mudanças no cenário regulatório e tecnológico”, afirma Christine Albiani, responsável pelo departamento de dados da Huggy.

Dicas para a proteção de dados

Realizar auditorias periódicas: revisar processos e sistemas para identificar vulnerabilidades e pontos de melhoria.

Investir em capacitação: treinar equipes sobre boas práticas de segurança da informação e conformidade com a LGPD.

Adotar medidas de cibersegurança: implementar soluções como criptografia, autenticação de dois fatores e backups regulares.

Estabelecer uma cultura de privacidade: promover a conscientização de todos os colaboradores sobre a importância de proteger os dados.

Manter um canal de comunicação com a ANPD: garantir que a empresa esteja sempre atualizada sobre normativas e boas práticas.

Dados recentes reforçam a urgência da proteção de dados
De acordo com um estudo da empresa de cibersegurança Check Point Research, o Brasil registrou uma média de 1.100 ataques cibernéticos por organização por semana em 2024, um aumento de 30% em relação ao ano anterior.

Além disso, levantamento do Data Privacy Benchmark Study 2024, realizado pela Cisco, apontou que 92% dos consumidores consideram que as empresas têm a responsabilidade de proteger seus dados e 76% afirmaram que não comprariam de companhias que não demonstrem cuidado com a privacidade.

O Dia Internacional da Proteção de Dados Pessoais, celebrado em 28 de janeiro, reforça a necessidade de conscientização sobre boas práticas de segurança.

“Essa data é um lembrete para reforçar as empresas e pessoas para que reconheçam a importância de proteger informações sensíveis em um mundo cada vez mais conectado. A privacidade deve ser encarada como um direito fundamental e como parte essencial de qualquer organização”, reforçou Christine.

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