Saúde

Endometriose: Ginecologista destaca a importância do diagnóstico precoce e os desafios do tratamento

A endometriose é uma doença altamente prevalente, atingindo cerca de 10 a 15 mulheres a cada 100.

29/03/2025 09h36
Endometriose: Ginecologista destaca a importância do diagnóstico precoce e os desafios do tratamento

A ginecologista Dra. Márcia Suely abordou um tema fundamental para a saúde da mulher durante entrevista ao quadro Mulheres em Pauta do programa Cidade em Pauta: a endometriose. Durante a conversa a médica esclareceu dúvidas, falou sobre sintomas, tratamentos e ressaltou a importância da conscientização promovida pela campanha Março Amarelo.

A especialista iniciou a entrevista destacando que a endometriose é uma doença altamente prevalente, atingindo cerca de 10 a 15 mulheres a cada 100. O maior problema, segundo a médica, é que muitas pacientes desconhecem que possuem a condição.

“A endometriose é uma doença silenciosa no início. Até causar sintomas que realmente chamem atenção, pode levar de 7 a 10 anos para ser diagnosticada, segundo estudos. Não é uma doença que mata, mas tem um impacto enorme na qualidade de vida da mulher”, explicou.

A endometriose ocorre quando células que deveriam estar dentro do útero acabam se espalhando para outras regiões do corpo, principalmente na cavidade pélvica. Essas células se comportam como se ainda estivessem no útero, ou seja, sangram durante o ciclo menstrual, causando dor intensa, inflamação e fibrose.

“O sistema imunológico não entende que essas células não deveriam estar ali e começa a reagir contra elas, o que pode piorar ainda mais o quadro”, detalhou a ginecologista.

Apesar de a cólica menstrual ser um dos sinais mais conhecidos da doença, nem toda mulher com cólica tem endometriose. A Dra. Márcia listou os seis principais sintomas da condição:

  1. Dor intensa (dismenorreia) – Cólica menstrual forte e persistente.
  2. Dor na relação sexual (dispareunia) – Principalmente em determinadas posições.
  3. Dor ao urinar durante a menstruação.
  4. Dor ao evacuar no período menstrual.
  5. Dor pélvica crônica – Sensação de desconforto contínuo.
  6. Dificuldade para engravidar (infertilidade).

Além disso, a médica alertou para sintomas menos conhecidos, como fadiga constante, problemas intestinais, alterações no sono e impacto na saúde mental.

“Muitas mulheres acham que sentir dor é normal e deixam de procurar ajuda. Mas essa dor pode prejudicar a vida social, profissional e até emocional delas”, ressaltou.

Segundo a Dra. Márcia, sim, é possível ter endometriose sem sintomas evidentes. Isso acontece, por exemplo, em mulheres com limiar de dor elevado, que só percebem o problema quando enfrentam dificuldades para engravidar.

Além disso, a médica explicou que o diagnóstico pode ser complicado porque as perguntas feitas nas consultas podem não ser específicas o suficiente.

“Se eu perguntar diretamente ‘Você tem dor na relação sexual?’, a paciente pode dizer que não. Mas se eu reformular e perguntar ‘Alguma posição lhe causa desconforto?’, ela pode responder que sim. Isso pode ser um indicativo de endometriose na região intestinal”, exemplificou.

O tratamento da endometriose depende de vários fatores, incluindo os sintomas e o grau da doença. A cirurgia não é sempre a primeira opção, como muitas pessoas acreditam.

“A endometriose é uma doença complexa. Um único tratamento não resolve. Não basta apenas tomar anticoncepcional ou fazer uma cirurgia. O tratamento precisa ser personalizado”, afirmou.

Entre as opções de tratamento estão:

Além disso, a médica destacou que um tratamento eficaz deve incluir alimentação anti-inflamatória, atividade física, controle do estresse e terapia.

“A endometriose não tem cura, mas pode ser controlada. A cirurgia pode ajudar muito, mas se não houver um acompanhamento adequado depois, os sintomas podem voltar”, alertou.

Uma das dúvidas enviadas pelos ouvintes surpreendeu: homens podem ter endometriose? A ginecologista explicou que sim, mas os casos são extremamente raros.

“Na literatura médica, há relatos de homens com endometriose. Isso acontece porque existe uma teoria chamada ‘teoria embrionária’, que sugere que algumas células imaturas podem se transformar em células de endometriose. Mas são casos muito raros”, esclareceu.

Embora não exista uma forma garantida de evitar a endometriose, algumas mudanças no estilo de vida podem reduzir o risco de desenvolver a doença, principalmente em mulheres com histórico familiar.

“Manter uma alimentação equilibrada, evitar o sobrepeso, praticar atividade física e gerenciar o estresse são medidas que podem ajudar. O fator genético existe, mas hábitos saudáveis podem fazer diferença”, afirmou a Dra. Márcia.

Encerrando a entrevista, a médica deixou um recado importante para as mulheres.

“O Março Amarelo é um mês de conscientização, mas o cuidado com a saúde deve ser o ano inteiro. Se você sente que algo está diferente no seu corpo, procure ajuda. Não normalize a dor, não aceite o sofrimento como parte da sua vida. A endometriose pode ser controlada, e quanto mais cedo for diagnosticada, melhor será a qualidade de vida da mulher.”

A Dra. Márcia Suely compartilhou seu Instagram @dramarciadoamaral para quem quiser acompanhar mais conteúdos sobre saúde da mulher.

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