Alimentação saudável: estilo de vida ou dieta? Especialistas explicam a diferença
Mais do que uma simples dieta, a alimentação saudável deve ser encarada como um compromisso com a qualidade de vida.
Quantas vezes você começou uma dieta na segunda-feira e desistiu na quarta? Ou conseguiu perder peso, mas logo recuperou tudo? A busca pelo corpo ideal e por uma alimentação equilibrada é um desafio para muitos. Mas e se alimentar de forma saudável não fosse apenas uma dieta, e sim um estilo de vida?
Para esclarecer essa questão, a nutricionista Thais Majdalane, CEO da Gourmet Light, e o Dr. Marcus Marcel debateram o tema. Com 22 anos de experiência na área, Thais reforça a necessidade de encarar a nutrição como um compromisso de longo prazo, sem recorrer a soluções rápidas e pouco sustentáveis.
Segundo Thais, a razão pela qual muitas pessoas desistem de dietas é simples: estratégias nutricionais inadequadas.
“Dietas altamente restritivas, isentas de sabor, não são sustentáveis. A pessoa consegue segui-las por um tempo, mas depois não aguenta mais e acaba desenvolvendo compulsão”, explica.
A neurociência também aponta que mudanças de hábitos exigem tempo. “O tempo mínimo necessário para criar novas conexões neurais e consolidar a mudança é de 21 dias. Já depois de 90 dias, isso se transforma em estilo de vida”, destaca a nutricionista.
Outro grande problema das dietas radicais é o efeito sanfona, que causa ganho de flacidez e perda de massa muscular.
“A massa muscular é um tecido metabolicamente ativo, fundamental para manter o metabolismo acelerado. Se a pessoa perde massa magra, ela desacelera o metabolismo e aumenta a probabilidade de recuperar o peso perdido”, alerta Dr. Marcus Marcel.
Para evitar esse ciclo, é essencial adotar um plano alimentar equilibrado, com nutrientes adequados e prazer na alimentação.
“Comer é um prazer e não pode ser algo sofrido. A ideia é unir saúde e sabor por meio de substituições inteligentes e técnicas dietéticas”, acrescenta Thais.
Para a especialista, a educação alimentar deve começar cedo. “Até os sete anos, conseguimos educar as crianças. Depois disso, precisamos reeducá-las, e esse processo é muito mais difícil. É mais fácil mudar um hábito religioso do que um hábito alimentar”, afirma.
Mitos e verdades sobre a alimentação saudável
Muitas pessoas acreditam que seguir um plano alimentar saudável significa abrir mão de sabor. No entanto, Thais rebate esse mito.
“A gastronomia se preocupa com o sabor, enquanto a nutrição foca na qualidade nutricional. Por que não unir os dois? Nosso objetivo é mostrar que é possível ter um estilo de vida saudável sem abrir mão do prazer de comer”, destaca.
A busca por soluções fáceis, como medicamentos emagrecedores, também é um problema recorrente.
“As canetas emagrecedoras têm sua utilidade, mas precisam ser bem empregadas. Hoje, muitas pessoas querem perder quatro ou cinco quilos de forma rápida, sem considerar a reeducação alimentar”, pontua a nutricionista.
Mais do que uma simples dieta, a alimentação saudável deve ser encarada como um compromisso com a qualidade de vida. Com mudanças graduais e equilibradas, é possível conquistar resultados duradouros sem sofrer com restrições excessivas.
“O segredo está em mudar a relação com a comida. Enquanto isso não acontece, o efeito sanfona será inevitável”, finaliza Thais.