Obesidade em mulheres: um desafio crescente para a saúde cardiovascular
Entre as mulheres, a taxa de obesidade gira em torno de 29%, enquanto entre os homens o índice é de aproximadamente 26%.
No Momento IDM Cardio desta semana, o cardiologista Dr. Germano Lefundes abordou um tema de grande relevância: a obesidade em mulheres. Segundo o especialista, a doença tem atingido cada vez mais mulheres, com projeções alarmantes para os próximos anos. “O número de pacientes do sexo feminino com sobrepeso e obesidade é maior do que o de homens, e isso é um dado significativo”, destacou.
Atualmente, cerca de 31% da população brasileira está obesa. Se somados os casos de sobrepeso, o percentual sobe para 68%. Entre as mulheres, a taxa de obesidade gira em torno de 29%, enquanto entre os homens o índice é de aproximadamente 26%. No entanto, a previsão para 2030 é preocupante: o número de mulheres obesas pode crescer 46% em relação aos níveis atuais. “Esse aumento é expressivo e reforça a importância de abordarmos o tema com seriedade”, alertou Dr. Germano.
O médico também enfatizou que o tratamento da obesidade deve ser feito com base em terapias seguras e eficazes, evitando métodos duvidosos. “Não estamos falando de soluções milagrosas ou de prescrições irresponsáveis, mas do uso racional de medicações seguras, escolhidas conforme o perfil de cada paciente”.
A obesidade é classificada com base no Índice de Massa Corpórea (IMC), um cálculo simples que relaciona peso e altura ao quadrado. Um IMC acima de 30 caracteriza a obesidade. No entanto, Dr. Germano alertou que esse não é o único critério a ser considerado. “Existem outros parâmetros, como percentual de gordura e exames de bioimpedância, que ajudam a identificar casos não detectados pelo IMC. Por exemplo, uma pessoa com obesidade visceral pode apresentar um IMC normal, mas ainda assim estar em risco”.
A obesidade visceral, que se caracteriza pelo acúmulo de gordura no abdômen e órgãos internos, é especialmente perigosa. Segundo o cardiologista, essa condição aumenta o risco de doenças cardiovasculares, como infarto e AVC, além de estar associada a doenças metabólicas como diabetes tipo 2. “A gordura visceral é um tecido ativo, que libera substâncias inflamatórias, favorecendo a formação de placas de gordura nos vasos sanguíneos”, explicou.
Com o avanço da idade, as mulheres têm maior tendência a desenvolver obesidade. Isso se deve a mudanças hormonais e metabólicas que reduzem o gasto energético basal. Durante a idade fértil, o acúmulo de gordura ocorre principalmente na região dos quadris e coxas. No entanto, com a aproximação da menopausa, a distribuição da gordura corporal muda, favorecendo o acúmulo no abdômen. “A perimenopausa é um período crítico, pois as alterações hormonais aceleram o acúmulo de gordura visceral, o que pode desencadear esteatose hepática e outras complicações”, alertou Dr. Germano.
Um dos desafios no combate à obesidade é vencer o preconceito e a falta de informação. Muitas vezes, a obesidade é encarada como uma questão de falta de esforço, quando, na verdade, é uma doença complexa com fatores genéticos, hormonais e comportamentais. “O nosso cérebro regula a fome e a saciedade. Simplesmente reduzir a alimentação e aumentar a atividade física não é suficiente para todos os pacientes”, explicou.
Outro obstáculo é a resistência ao uso de medicações. “Muitos pacientes temem a dependência dos medicamentos. Mas, assim como tratamos a hipertensão e o diabetes com remédios, a obesidade também pode exigir tratamento medicamentoso”, ressaltou Dr. Germano.
A preocupação com a estética é um dos fatores que levam mulheres a procurarem ajuda, mas, segundo o especialista, é fundamental que a busca pelo emagrecimento seja guiada pela saúde. “Não basta querer apenas um corpo bonito. A obesidade está ligada a doenças cardiovasculares e até ao aumento do risco de câncer ginecológico”, frisou.
Para evitar práticas perigosas, o cardiologista alertou sobre o uso indevido de medicações e dietas milagrosas. “Muitas pessoas estão recorrendo a tratamentos não aprovados e colocando a saúde em risco. O ideal é buscar orientação médica para um tratamento seguro e eficaz”, concluiu.