Contracepção na pré-menopausa: Ginecologista explica opções e esclarece dúvidas sobre sintomas
Segundo a especialista, não há um método “ideal” universal para todas as mulheres.
A ginecologista Dra. Márcia Suely abordou, durante o quadro Mulheres em Pauta do programa Cidade em Pauta (Rádio Nordeste FM), um tema de grande interesse para mulheres: a contracepção na pré-menopausa. A médica esclareceu dúvidas sobre os métodos contraceptivos mais indicados para essa fase da vida feminina, levando em consideração fatores hormonais, histórico clínico e preferência pessoal de cada paciente.
Segundo a especialista, não há um método “ideal” universal para todas as mulheres. “Todos os métodos contraceptivos podem ser utilizados na pré-menopausa, desde que se respeitem as mudanças hormonais. Alguns são mais recomendados dependendo dos sintomas que a paciente apresenta, das doenças pré-existentes e, principalmente, da preferência da mulher”, explicou Dra. Márcia.
Entre as opções disponíveis estão as pílulas combinadas, que podem ajudar a controlar os sintomas da menopausa, mas que exigem cautela. “Depois dos 40 anos, o risco de trombose aumenta, especialmente para quem tem predisposição. Por isso, a escolha deve ser criteriosa”, alertou.
Os dispositivos intrauterinos (DIUs) foram destacados pela ginecologista como excelentes alternativas para essa fase da vida.
“Os DIUs, tanto hormonais quanto não hormonais, não interferem nos hormônios naturais da mulher, o que pode ser um diferencial importante para quem já está sentindo alterações como baixa libido e distúrbios do sono”, disse.
No entanto, ela destacou que o DIU hormonal ajuda a regular o ciclo menstrual, enquanto o DIU de cobre ou de prata não tem esse efeito. “A escolha depende das características de cada paciente”, completou.
Entre os demais métodos citados estão a mini pílula (composta apenas por progesterona), o anel vaginal, o adesivo anticoncepcional e a ligadura de trompas. Além disso, há o Implanon, um implante hormonal subcutâneo.
Mudanças hormonais e escolha do método
As alterações hormonais da pré-menopausa podem trazer sintomas incômodos, como insônia, ondas de calor, secura vaginal e alterações no ciclo menstrual. A Dra. Márcia explicou que esses sintomas influenciam na escolha do contraceptivo.
“Mulheres com muitos sintomas como calor excessivo e secura vaginal podem se beneficiar do uso de pílulas combinadas, pois contêm estrogênio”, afirmou. No entanto, ela enfatizou a necessidade de avaliar os riscos individuais antes da prescrição.
Outro ponto levantado foi a importância de evitar gestações indesejadas. “Muitas mulheres acreditam que não podem mais engravidar nessa fase, mas isso é um erro. Como o ciclo se torna irregular, é mais difícil prever a ovulação, aumentando o risco de uma gravidez tardia, que pode ser de alto risco”, alertou.
Reposição hormonal: quando indicar?
A reposição hormonal também foi discutida, sendo considerada uma opção válida para melhorar a qualidade de vida da mulher.
“A reposição pode ser muito benéfica para aliviar os sintomas da menopausa, mas é essencial garantir que a mulher esteja protegida contra uma gravidez indesejada. Em alguns casos, pode ser combinada com o uso de DIU”, explicou.
Dra. Márcia reforçou que a decisão sobre qual método contraceptivo utilizar deve ser tomada de forma conjunta entre a paciente e seu médico. “Cada mulher tem necessidades diferentes. O ideal é que haja uma avaliação clínica completa para encontrar o melhor método para cada caso”, disse.
Muitas mulheres acreditam que não apresentam sintomas significativos, mas a Dra. Márcia Suely, ginecologista, alerta sobre os impactos dessa fase.
“Muita gente diz que não sentiu nada na menopausa, mas será que realmente não teve alterações de sono, fadiga, aumento de peso, baixa de libido ou ressecamento vaginal? Existem 76 sintomas relacionados à menopausa e a maioria das mulheres nem sabe que foram causados por ela”, explica.
Em relação à reposição hormonal, a especialista destaca que ela é indicada para mulheres sem contraindicações graves.
“Aquelas que nunca tiveram câncer de mama, AVC ou infarto são candidatas a esse tratamento, que melhora a qualidade de vida. Afinal, estamos vivendo mais e queremos chegar bem à terceira idade”, enfatiza.
Outro ponto importante são os métodos contraceptivos nessa fase. A Dra. Márcia esclarece que algumas condições de saúde podem impedir o uso de certos anticoncepcionais hormonais.
“Pacientes com hipertensão, enxaqueca, histórico de trombose ou obesidade precisam de uma avaliação cuidadosa. Fumantes, por exemplo, não devem usar pílula anticoncepcional de forma alguma, pois o risco de trombose aumenta consideravelmente, ainda mais na menopausa”, alerta.
A queixa de fogachos (ondas de calor) é uma das mais frequentes entre as mulheres na menopausa. Uma ouvinte relatou que retirou um mioma há mais de 10 anos, mas ainda sofre com calor excessivo.
“Dependendo da sua condição clínica e idade, a reposição hormonal pode ser uma opção. Uso de testosterona em baixa dose e cremes transdérmicos são alternativas seguras. Mas é essencial cuidar da alimentação, sono e prática de atividades físicas para reduzir os sintomas”, orienta a ginecologista.
A saúde intestinal também tem papel fundamental. “Muitas vezes, quando ajustamos a alimentação e tratamos o intestino, os sintomas melhoram significativamente. Tive uma paciente que sofria muito com os sinais da menopausa, mas, ao equilibrar sua dieta e reduzir inflamações, ela voltou três meses depois sem reclamações”, relata Dra. Márcia.
Muitas mulheres perguntam sobre o uso de cremes hormonais para aliviar os sintomas da menopausa. A especialista reforça que existem opções comerciais e manipuladas, mas que o uso deve ser individualizado.
“Reposição hormonal precisa ser prescrita por um médico. Cada mulher tem uma necessidade diferente e um histórico de saúde único. Por isso, a avaliação profissional é indispensável”, destaca.
A ginecologista reforça a importância da prevenção e do acompanhamento regular com um profissional de saúde.
“Não basta apenas tratar os sintomas. É preciso avaliar a saúde geral, garantir um bom histórico médico e personalizar as escolhas de tratamentos. A menopausa é uma fase natural, mas com os cuidados certos, pode ser vivida com qualidade e bem-estar”, conclui.